Um gesto simples pode, de fato, transformar vidas. Nos últimos tempos, isso ficou claro com a valiosa iniciativa realizada pelos voluntários da Cemig, empresa fornecedora de energia em Minas Gerais. A ação foi mais do que uma mera doação de produtos; ela simbolizou um grande passo rumo à dignidade e saúde menstrual de meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade social. Os voluntários da Cemig doaram mais de 29 mil absorventes para instituições mineiras e, através dessa campanha, ajudaram a combater a pobreza menstrual no estado.
Com a entrega desses absorventes, a empresa não apenas proporcionou um item básico de higiene que muitas mulheres em certeza não têm acesso, mas também lançou luz sobre um assunto ainda cercado de tabus: a pobreza menstrual. Esse tema precisa ser discutido com urgência, pois envolve diretamente a saúde, a dignidade e o bem-estar de milhares de brasileiras.
O Impacto da Campanha na Comunidade
Em toda Minas Gerais, as doações impactaram diversas instituições e diversas comunidades. Um dos locais que recebeu parte desses absorventes foi a Comunidade Terapêutica Pérolas, em Divinópolis. Esta entidade se dedica a acolher mulheres em estado de vulnerabilidade, proporcionando apoio tanto psicológico quanto material. A realidade enfrentada por essas mulheres é alarmante, sendo comum a dificuldade para acesso a produtos de higiene menstrual.
Esses absorventes ajudam a mitigar uma questão que muitas vezes é invisível para a sociedade: a pobreza menstrual. Muitas jovens, por estarem em situação de vulnerabilidade, frequentemente não possuem condições financeiras para adquirir esses produtos essenciais e acabam recorrendo a alternativas inseguras e prejudiciais à saúde. O simples ato de fornecer um produto como absorvente é, portanto, um gesto que vai além da caridade, promovendo dignidade e saúde.
A Importância de Educar Sobre a Pobreza Menstrual
A pobreza menstrual não é apenas um problema de falta de acessibilidade a produtos de higiene; ela está diretamente ligada a questões de saúde pública, educação e direitos humanos. Quando as mulheres e meninas não conseguem arcar com os custos desses produtos, há uma queda significativa em sua qualidade de vida. Muitas deixam de ir à escola ou ao trabalho, impactando diretamente suas oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional.
A falta de acesso a absorventes pode levar as meninas a permanecerem em casa durante o período menstrual por vergonha ou medo de imprevistos. Isso não apenas perpetua estigmas sociais, mas também desafia a construção de um futuro promissor para estas jovens, que são obrigadas a abrir mão de sua educação e desenvolvimento profissional devido a uma situação que não deveria fazer parte da vida de ninguém.
O Programa Você – Voluntariado Cemig: Um Exemplo de Solidariedade
A campanha realizada pela Cemig faz parte de um programa maior conhecido como Programa Você – Voluntariado Cemig. Este programa é um exemplo claro de como as empresas podem (e devem) assumir um papel ativo na promoção do bem-estar social. A iniciativa não só beneficia as mulheres em situação de risco, mas também envolve os colaboradores da empresa em ações comunitárias, fortalecendo a cultura de solidariedade dentro da própria organização.
Essa prática voluntária está alinhada com as diretrizes de práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) da empresa e demonstra um compromisso palpável com a responsabilidade social empresarial. De acordo com a analista de Sustentabilidade da Cemig, Marina Oliveira, “a contribuição dos voluntários não substitui políticas públicas, mas as complementa”. Isso nos leva a um ponto crucial: as doações são importantes, mas a transformação real vem de um esforço conjunto, que misture ações governamentais com envolvimento da sociedade civil.
A Realidade de Meninas e Mulheres em Situação de Vulnerabilidade
Segundo o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam 2025), até agosto do ano passado, mais de 2 milhões de brasileiras foram atendidas por programas federais que visam a dignidade menstrual. No entanto, ainda há um abismo entre a demanda e a oferta. A pobreza menstrual pode ser mais intensa entre mulheres em situação de rua, privadas de liberdade e outros grupos extremamente vulneráveis. Para esses indivíduos, a falta de acesso a produtos de higiene não é apenas um incômodo, mas uma violação dos direitos humanos.
Infelizmente, a cultura do silenciamento acerca dessa questão afirma que muitas vezes as mulheres se sentem envergonhadas de discutir suas experiências. Essa falta de diálogo é um dos maiores obstáculos à conscientização sobre a pobreza menstrual e impede práticas que poderiam teoricamente facilitar a vida de milhões de mulheres em todo o Brasil.
Cidades mineiras que se beneficiaram da Campanha
Além de Divinópolis, a campanha dos voluntários da Cemig impactou outras cidades mineiras, como Belo Horizonte, Ipatinga, Januária, Juiz de Fora, Montes Claros, Paracatu, Patos de Minas, Pouso Alegre, Sete Lagoas, Uberaba, Uberlândia, Varginha e Wenceslau Braz. Cada uma das cidades recebeu kits de absorventes destinados a instituições que trabalham diretamente com a população em situação de risco.
Essa ampla distribuição ressalta a tenacidade e a seriedade da campanha ao abordar a pobreza menstrual. É fundamental compreender que, embora a doação de absorventes forneça alívio imediato, é igualmente importante que as comunidades se unam para construir um futuro no qual esses produtos sejam acessíveis a todos sem a necessidade de campanhas emergenciais.
Perguntas Frequentes
Como você pode imaginar, a questão da pobreza menstrual levanta muitas dúvidas e preocupações. Aqui estão algumas das perguntas mais frequentes sobre a campanha.
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Como a Cemig decidiu quantos absorventes seriam doados?
A quantidade de absorventes doados foi baseada em uma análise das necessidades das instituições escolhidas e da capacidade de distribuição. -
Quais entidades estão recebendo as doações?
As doações foram direcionadas a instituições de apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade, como a Comunidade Terapêutica Pérolas, em Divinópolis. -
A campanha é uma ação isolada ou haverá mais no futuro?
A Cemig não divulgou informações específicas sobre novas campanhas, mas a empresa assegurou que ações de voluntariado serão uma parte contínua de sua agenda. -
O que é o Programa Você – Voluntariado Cemig?
É um programa da Cemig que visa incentivar os colaboradores a se envolverem em ações sociais e de solidariedade. -
A pobreza menstrual afeta apenas mulheres?
Embora a expressão se refira principalmente a mulheres e meninas, pessoas que menstruam independentemente de sua identificação de gênero também enfrentam os desafios associados à falta de acesso a produtos de higiene. - Como a população em geral pode ajudar a combater a pobreza menstrual?
As pessoas podem contribuir por meio de doações de produtos de higiene, conscientizando-se sobre o tema e apoiando organizações que trabalham para promover a dignidade menstrual.
Considerações Finais
A doação de mais de 29 mil absorventes pelos voluntários da Cemig para instituições mineiras foi um ato que vai além da simples solidariedade: é um passo significativo na luta contra a pobreza menstrual. Ao abordar essa questão de forma proativa, a campanha não só melhora a vida de muitas mulheres, mas também destaca a importância de discutir a dignidade menstrual abertamente.
É fundamental que todos nós façamos nossa parte, não apenas no que diz respeito a doações, mas também educando as pessoas à nossa volta sobre o assunto. A pobreza menstrual é uma realidade que não pode continuar a ser ignorada. Ao se unirem em torno desse tema, empresas, governo e sociedade civil podem colaborar para criar um ambiente onde todas as mulheres e meninas tenham acesso a produtos de higiene e possam viver com a dignidade que merecem. Assim, trabalham juntas na construção de um futuro mais igualitário e justo, em que nenhuma mulher tenha que passar por essa luta tendo que abrir mão de seus sonhos, educação e saúde.
Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
