Mato Grosso do Sul se destacou recentemente como um exemplo de inovação e compaixão ao implementar o Programa Dignidade Menstrual. Esta iniciativa pioneira busca proporcionar às mulheres privadas de liberdade acesso a produtos menstruais, garantindo não apenas a dignidade, mas também a saúde e o bem-estar dessas pessoas em situação de vulnerabilidade social.
A proposta do programa é viabilizada pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). No contexto atual, onde a luta por direitos igualitários é cada vez mais evidente, iniciativas como esta são cruciais para promover a igualdade de gênero e a dignidade feminina, especialmente em ambientes muitas vezes marginalizados e olvidados pela sociedade.
O que é o Programa Dignidade Menstrual?
O Programa Dignidade Menstrual tem como objetivo principal atender às necessidades das mulheres que estão em unidades prisionais no estado, proporcionando acesso a itens essenciais de higiene menstrual. O projeto não se limita apenas à distribuição de absorventes, mas também envolve a capacitação das detentas, permitindo que elas participem da produção dos próprios produtos. Foi uma estratégia inteligente que promove a inclusão e a autonomia, ao mesmo tempo que possibilita a remição de pena, um bônus importante para quem cumpre suas sentenças.
Recentemente, as primeiras entregas dos absorventes começaram, após um período de capacitação das internas. Estabelecimentos Penais como o Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi, em Campo Grande, e o Estabelecimento Penal Feminino de Rio Brilhante estão entre os primeiros a se beneficiar dessa iniciativa. Dezessete detentas estão diretamente envolvidas na produção, um ato que simboliza não apenas a oferta de produtos de necessidade, mas também um passo importante para a autoestima e dignidade das mulheres que ali vivem.
Por que é importante garantir a Dignidade Menstrual?
A menstruação é um processo natural para as mulheres, mas a falta de acesso a produtos de higiene menstrual pode ter um impacto profundo na saúde e bem-estar. Em ambientes prisionais, onde as condições de vida são frequentemente precárias, a falta de itens essenciais de higiene pode levar a riscos de saúde e à violação dos direitos humanos. O acesso a produtos menstruais é um direito básico que deve ser garantido a todas as mulheres.
Estudos demonstram que a falta de acesso a esses produtos pode resultar em um ciclo de humilhação e degradação, afetando não apenas a saúde física, mas também a saúde mental das mulheres. Além disso, isso pode impactar negativamente a reintegração social delas ao fim da pena, uma vez que a forma como foram tratadas durante o cumprimento da sentença pode influenciar diretamente suas perspectivas futuras.
A Produção de Absorventes como Fonte de Remição de Pena
Um dos aspectos mais inovadores do Programa Dignidade Menstrual é a possibilidade de remição de pena para as detentas que participam da produção dos absorventes. De acordo com a Lei de Execução Penal, a participação em atividades laborais pode reduzir a pena de acordo com o tempo trabalhado. Essa abordagem não apenas oferece um incentivo tangível para as internas, mas também promove habilidades que podem ser úteis quando elas retornarem à sociedade.
Essa estratégia tem o potencial de quebrar o ciclo de criminalidade ao oferecer às detentas uma forma de se reabilitar. Ao aprender um ofício, elas ganham mais do que uma chance de cumprirem suas penas de forma mais rápida; ganham uma nova perspectiva de vida e a chance de se reerguerem após a prisão.
Desafios e Oportunidades na Implementação do Programa
Embora o Programa Dignidade Menstrual represente um avanço significativo, ainda existem desafios a serem enfrentados. A implementação de iniciativas como essa requer apoio contínuo e a conscientização sobre a importância da dignidade menstrual tanto dentro como fora dos muros do sistema prisional.
O preconceito e a falta de conhecimento sobre as necessidades das mulheres em situação de prisão ainda são barreiras que precisam ser superadas. Além disso, o programa depende de financiamento adequado e viabilidade logística para se expandir e beneficiar mais detentas.
Perspectivas Futuras e Conclusão
O futuro do Programa Dignidade Menstrual em Mato Grosso do Sul é promissor, especialmente se outras regiões do Brasil decidirem seguir o exemplo. A possibilidade de garantir dignidade e saúde para todas as mulheres, independentemente de sua situação, deve ser uma prioridade em uma sociedade que se diz democrática e igualitária.
Com a parceria de instituições governamentais, ONGs e outras entidades, é possível expandir esse programa, alcançando ainda mais mulheres e promovendo um impacto positivo na sociedade.
Perguntas Frequentes
Como o Programa Dignidade Menstrual é financiado?
O programa é financiado pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário, que garante a aquisição dos insumos necessários.
Quem pode participar da produção dos absorventes?
As detentas que cumprem pena nos estabelecimentos selecionados e passaram por capacitação podem participar da produção.
Qual é a importância da remição de pena?
A remição de pena permite que as detentas reduzam o tempo de encarceramento ao se envolverem em atividades produtivas.
Quais estabelecimentos estão envolvidos no programa?
Os primeiros estabelecimentos a receber o programa foram o Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi e o Estabelecimento Penal Feminino de Rio Brilhante.
Como as detentas são capacitadas?
A capacitação é promovida pela Agepen e visa ensinar as internas a produzir os absorventes de forma eficiente e higiênica.
Quais são os benefícios do acesso a produtos de higiene menstrual?
Além de promover a saúde, o acesso a produtos de higiene menstrual garante dignidade, autoestima e uma melhor qualidade de vida para as mulheres.
O programa se expandirá para outras regiões?
Com o sucesso em Mato Grosso do Sul, há a esperança de que outras regiões do Brasil sigam o exemplo e implementem iniciativas semelhantes.
O Programa Dignidade Menstrual é um passo importante e necessário na direção certa. O investimento na saúde e no bem-estar das mulheres, independentemente de onde estejam, é um reflexo da sociedade que almejamos construir — uma sociedade mais justa, solidária e digna para todas as mulheres.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.