Defensoria Pública participa de audiência pública para debater questões envolvendo a dignidade menstrual


A defesa dos direitos humanos é um tema que vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões da sociedade brasileira, e a dignidade menstrual é uma questão que se destaca nesse cenário. Recentemente, a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG), através da sua Coordenadoria Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (CEDEM), participou de uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Essa audiência ocorreu no dia 27 de maio, em comemoração ao Dia Internacional da Dignidade Menstrual, celebrado no dia 28 do mesmo mês. A importância desse evento vai além da discussão simplesmente relacionada à saúde; envolve uma análise ampla sobre direitos humanos, igualdade de gênero, educação e cidadania.

Defensoria Pública participa de audiência pública para debater questões envolvendo a dignidade menstrual

O encontro foi fundamental para ressaltar a importância da dignidade menstrual como um direito humano e de saúde. O acesso a produtos de higiene menstrual, que parece algo simples para muitos, é visto como uma barreira para o desenvolvimento pessoal e social de milhões de pessoas que menstruam. A defensora pública Luana Borba, que também é a coordenadora da CEDEM, destacou que a falta de infraestrutura adequada e a desinformação sobre direitos menstruais são desafios que precisam ser enfrentados de forma urgente.

Luana enfatizou que “o não acesso aos direitos menstruais, incluindo a infraestrutura e informação adequada, representam barreiras ao desenvolvimento pessoal, pois seu acesso está intrinsicamente ligado ao direito à não discriminação e à autodeterminação”. Essa afirmação gera um intenso debate sobre como a sociedade deve se mobilizar para garantir que essas questões sejam abordadas de maneira digna e respeitosa.



De acordo com especialistas e pesquisadores na área, a falta de produtos menstruais adequados pode ter efeitos devastadores na vida de muitas mulheres. Isso não apenas afeta sua higiene e saúde, mas também limita suas oportunidades de trabalho e educação. Afinal, em muitas comunidades, a falta de acesso a absorventes pode levar ao abandono escolar e à estigmatização social. Portanto, é essencial que a Defensoria Pública, em conjunto com outras instituições e órgãos governamentais, promova ações educativas que desmontem tabus e preconceitos acerca do tema.

A atuação da DPMG tem sido diversificada, abrangendo tanto a promoção da educação em direitos quanto a fiscalização da distribuição de produtos menstruais em ambientes como estabelecimentos prisionais e unidades de acolhimento institucional. A necessidade de monitoramento e fiscalização é uma resposta a uma demanda crescente em uma sociedade que cada vez mais busca compreender e solucionar questões ligadas à dignidade menstrual.

A importância da educação sobre dignidade menstrual

Um dos pontos mais relevantes discutidos na audiência pública foi a necessidade de se promover a educação em direitos, especialmente no que diz respeito à dignidade menstrual. A DPMG tem trabalhado arduamente para quebrar os tabus que cercam o tema, atendendo, assim, a uma necessidade urgente de informação e conscientização. Essas ações são fundamentais, pois garantem que todos tenham conhecimento sobre seus direitos e possam reivindicá-los.

A educação é a chave para a transformação social. Quando se fala de dignidade menstrual, é crucial que a sociedade reconheça que essa questão está atrelada a uma série de direitos fundamentais, como o direito à saúde, ao trabalho e à educação. Portanto, as iniciativas de educação devem abordar não apenas o aspecto biológico da menstruação, mas também suas implicações sociais, políticas e culturais.


Em dados recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), foi apontado que cerca de 1 em cada 4 jovens no Brasil enfrentam dificuldades na menstruação devido à falta de acesso a produtos apropriados. Esse panorama evidencia a urgência de se discutir a dignidade menstrual em todas as esferas da sociedade. Existem, ainda, iniciativas que visam promover a saúde menstrual em escolas e comunidades, oferecendo workshops e palestras que desmistificam o tema e incentivam práticas mais saudáveis e respeitosas.

Legislação e políticas públicas sobre dignidade menstrual

Outro aspecto abordado durante a audiência foi a necessidade de cumprir a Lei 23.904 de 2021. Essa legislação estabelece diretrizes sobre a política de saúde e dignidade menstrual no estado de Minas Gerais. Durante a discussão, parlamentares e convidados enfatizaram a importância de garantir que essa lei seja aplicada de forma eficaz e que os recursos necessários estejam disponíveis para sua implementação.

Além disso, o Projeto de Lei (PL) 2.504/25 foi apresentado, que visa integrar pessoas afetadas por desastres climáticos e calamidades públicas na política estadual de dignidade e saúde menstrual. Essa proposta reforça a ideia de que a dignidade menstrual é uma questão que transcende o âmbito individual e afeta diretamente a coletividade, especialmente em tempos de crise.

A legislação é uma ferramenta poderosa para estabelecer mudanças significativas e garantir que todos tenham acesso aos direitos básicos. A Defensoria Pública, atuando em parceria com o Legislativo, desempenha um papel crucial na pressão pela implementação dessas normas. A fiscalização dessas políticas é fundamental para que elas não permaneçam apenas no papel, mas se transformem em ações concretas que melhorem a vida das pessoas que menstruam.

Percepções sociais e desinformação sobre menstruação

É importante destacar que, apesar dos avanços, ainda persiste uma significativa desinformação e preconceito em torno da menstruação. Muitas pessoas, por exemplo, ainda têm dificuldade em falar abertamente sobre o assunto, o que perpetua estigmas e tabus prejudiciais. Essa falta de diálogo é uma barreira que deve ser superada se quisermos promover uma cultura de respeito e dignidade em relação à saúde menstrual.

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Organizações não governamentais e movimentos sociais têm se mobilizado para mudar essa narrativa, promovendo campanhas de conscientização e educação. Essas iniciativas são vitais, pois ajudam a sensibilizar a população e a promover uma discussão saudável sobre a menstruação. O objetivo final é que o tema não seja mais um tabu, mas sim uma questão de saúde pública que merece ser debatida e abordada com respeito e responsabilidade.

O papel da Defensoria Pública nas questões de dignidade menstrual

A Defensoria Pública, por meio de suas ações, se posiciona como uma aliada no enfrentamento das desigualdades que cercam a dignidade menstrual. Além de atuar na promoção de direitos, a DPMG realiza um trabalho importante na orientação e apoio às pessoas que enfrentam dificuldades relacionadas à menstruação. Essa atuação vai além de meras recomendações, buscando realmente impactar a vida das pessoas de forma positiva.

Os serviços prestados pela Defensoria são essenciais para garantir que todas as pessoas que menstruam tenham acesso aos produtos de higiene necessários, tenham seus direitos respeitados e possam viver com dignidade. Esse apoio torna-se ainda mais crucial em contextos de vulnerabilidade social, onde o acesso a recursos básicos pode ser significativamente comprometido.

Perguntas Frequentes

Como a falta de produtos de higiene menstrual impacta a vida das mulheres?
A falta de produtos de higiene menstrual pode levar ao abandono escolar, estigmas sociais e limitações em ambientes de trabalho, afetando gravemente a qualidade de vida de mulheres e pessoas que menstruam.

Quais iniciativas a Defensoria Pública de Minas Gerais tem adotado na questão da dignidade menstrual?
A Defensoria tem promovido ações de educação em direitos e fiscalização na distribuição de produtos menstruais em instituições como prisões e abrigos.

Qual é a relevância da Lei 23.904 de 2021 no contexto da dignidade menstrual?
A Lei 23.904 estabelece diretrizes para a promoção da saúde e dignidade menstrual em Minas Gerais, sendo crucial para garantir o acesso a produtos de higiene.

O que o Projeto de Lei 2.504/25 propõe?
O PL 2.504/25 visa incluir pessoas afetadas por calamidades climáticas na política de saúde e dignidade menstrual, ampliando a proteção e direitos a esses indivíduos.

Como a educação pode ajudar a mudar percepções sobre a menstruação?
A educação é fundamental para desmistificar tabus e promover uma compreensão mais ampla e respeitosa sobre a menstruação, ajudando a quebrar estigmas prejudiciais.

Quais são os principais objetivos do CEDEM na luta pela dignidade menstrual?
O CEDEM busca a promoção e defesa dos direitos das mulheres, atuando na educação em direitos e na visibilidade das questões menstruais como parte dos direitos humanos.

Conclusão

A audiência pública promovida pela Defensoria Pública de Minas Gerais foi um passo significativo na luta pela dignidade menstrual. O envolvimento de especialistas, parlamentares e representantes da sociedade civil em torno desse tema destaca a relevância da dignidade menstrual como um direito humano essencial.

As diversas ações empreendidas, seja na educação em direitos, na fiscalização ou na promoção de legislações relevantes, refletem um compromisso genuíno em garantir que todas as pessoas que menstruam tenham acesso a dignidade, saúde e igualdade. Estamos diante de um cenário que, embora desafiador, também é repleto de oportunidades para a transformação social e a melhora na qualidade de vida de milhões. A esperança é que esses diálogos se ampliem e que ações concretas continuem a ser implementadas, promovendo uma sociedade mais justa e acessível para todos.