Leis, políticas públicas e ações sociais: fortalecendo a cidadania através da inclusão


O acesso à dignidade menstrual é um assunto de vital importância que merece atenção redobrada, especialmente em um contexto onde as desigualdades sociais e os direitos humanos estão em pauta. A menstruação, embora seja uma experiência comum para muitas pessoas, ainda é envolta em tabus e preconceitos que dificultam o acesso a produtos de higiene essenciais. Neste artigo, vamos explorar a fundo a dignidade menstrual, suas consequências sociais e de saúde, as políticas públicas que vêm se desenvolvendo para enfrentá-la e como todos podem contribuir para esse movimento.

A dignidade menstrual é definida como o direito de todas as pessoas que menstruam a ter acesso a produtos de higiene, instalações adequadas e informações sobre saúde menstrual. Com a implementação de programas como o “Dignidade Menstrual”, lançado pelo Governo Federal em 2024, o Brasil dá passos importantes rumo à igualdade de oportunidades nesse aspecto.

Entendendo a Dignidade Menstrual

A menstruação representa um ciclo natural pelo qual muitas pessoas passam ao longo de suas vidas. No entanto, a falta de condições adequadas para gerenciar esse ciclo pode levar a sérias consequências. A dignidade menstrual significa ter acesso a absorventes higiênicos, infraestrutura adequada para higiene, e educação sobre saúde menstrual. Isso é crucial não apenas para a saúde física, mas também para a saúde mental e o desempenho educacional.



Um estudo realizado pelo Instituto Locomotiva destaca que cerca de 52% das pessoas que menstruam no Brasil já enfrentaram a pobreza menstrual em algum momento. Este dado alarmante reflete a realidade de aproximadamente 15 milhões de brasileiras que não têm acesso a absorventes. Essa falta de acesso pode levar a uma série de problemas, desde infecções até a ausência nas aulas e no trabalho, aumentando a exclusão social e as desigualdades de gênero.

Dados sobre a Pobreza Menstrual

Pesquisas revelam a gravidade da pobreza menstrual em nosso país. As estatísticas são perturbadoras:

  • 52% das brasileiras já passaram por pobreza menstrual, segundo o Instituto Locomotiva.
  • Cerca de 15 milhões de pessoas não têm acesso a absorventes acessíveis, conforme dados da UNICEF.
  • 1 em cada 4 meninas falta às aulas durante o período menstrual devido à falta de cuidados adequados.
  • 33% das mulheres já utilizavam métodos improvisados, como papel higiênico ou jornal, aumentando o risco de infecções.
  • Aproximadamente 200 mil estudantes estão em escolas sem banheiros adequados, conforme dados da Girl Up.

Esses dados indicam a urgência de ações que promovam a dignidade menstrual e garantam que todas as pessoas tenham acesso a cuidados adequados durante o ciclo menstrual.

Programa Dignidade Menstrual: Um Avanço Importante


O Programa Dignidade Menstrual foi estabelecido pela Lei nº 14.214/2021 e regulamentado pelo Decreto nº 11.432/2023. Este programa visa proporcionar o acesso a produtos de higiene menstrual gratuitamente, especialmente para pessoas entre 10 e 49 anos que estão inscritas no Cadastro Único (CadÚnico). Mais de 24 mil farmácias populares estão credenciadas para distribuir absorventes a cada dois meses, garantindo que as pessoas em situação de vulnerabilidade tenham acesso a esse recurso essencial.

Além da distribuição de produtos, o programa inclui ações de educação menstrual e campanhas de conscientização, que visam tirar o assunto da sombra do constrangimento e do silêncio. A formação de agentes públicos para orientar as beneficiárias também é uma parte fundamental dessa iniciativa, promovendo uma maior conscientização sobre a saúde menstrual e os direitos relacionados.

Como Receber Absorvente Gratuito

O acesso aos absorventes gratuitos é um processo relativamente simples, no entanto, requer que as beneficiárias atendam a alguns critérios:

  • Ter entre 10 e 49 anos.
  • Estar inscrita no CadÚnico.
  • Acessar o aplicativo Meu SUS Digital.
  • Emitir a autorização do programa.
  • Apresentar um documento com foto em uma farmácia popular credenciada.

Essa facilidade no acesso representa um grande passo para assegurar que as pessoas em situação de vulnerabilidade possam receber os produtos necessários de forma rápida e eficiente.

Impactos da Falta de Dignidade Menstrual

Os efeitos da falta de dignidade menstrual vão além do desconforto físico. Quando um indivíduo não tem acesso a absorventes, as consequências se espalham para várias áreas da vida, incluindo a educação e o mercado de trabalho. Meninas que faltam à escola por não ter cuidados adequados muitas vezes acabam acumulando uma defasagem educacional significativa, o que pode afetar suas oportunidades futuras e perpetuar ciclos de exclusão social.

Além disso, a saúde física pode ser diretamente impactada. O uso de materiais inadequados pode levar a infecções, enquanto a falta de condições de higiene pode intensificar problemas de saúde a longo prazo. A saúde mental também desempenha um papel crucial; o estigma e o constrangimento associados à menstruação podem conduzir a questões como ansiedade e depressão, especialmente em um ambiente onde a educação e a empoderamento feminino são essenciais.

Leis, Políticas Públicas e Ações Sociais

É imprescindível que ações coletivas sejam desenvolvidas para combater a pobreza menstrual. No Brasil, o avanço das leis e políticas públicas assumiu um papel de destaque nesse sentido. A implementação do Programa Dignidade Menstrual e outras medidas emergenciais são um começo promissor, mas é fundamental que haja continuidade e ampliação dessas iniciativas.

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As políticas públicas, quando bem implementadas, podem trazer um impacto imenso na vida das pessoas que menstruam. A criação de espaços seguros e acessíveis nas escolas, banheiros adequados, e uma educação que leve em conta o ciclo menstrual são partes integrantes para garantir que a menstruação não seja mais um motivo de constrangimento ou exclusão.

Como Apoiar a Causa da Dignidade Menstrual

Apoiar a causa da dignidade menstrual é um esforço que pode ser feito de várias maneiras:

  • Educação e Informação: Compartilhar conhecimentos sobre a menstruação ajuda a desmistificar tabus e preconceitos, promovendo um diálogo aberto. Isso inclui o uso da expressão “pessoas que menstruam”, que é uma forma de incluir todas as identidades que vivenciam a menstruação.

  • Apoio a Políticas Públicas: É crucial que todos nós façamos valer nossos direitos, cobrando das autoridades a ampliação de programas como o Dignidade Menstrual. O ativismo e a pressão pública são fundamentais para garantir mudanças sociais significativas.

  • Contribuição com ONGs: Muitas organizações estão ativamente envolvidas na distribuição de absorventes e na promoção da educação menstrual nas comunidades vulneráveis. Contribuir com essas iniciativas pode fazer uma enorme diferença.

  • Educação Inclusiva: Educadores e profissionais de saúde têm um papel vital em criar ambientes de diálogo e acolhimento. Isso pode incluir workshops sobre saúde menstrual nas escolas, garantindo que todos se sintam seguros e informados sobre o que envolve essa experiência.

Perguntas Frequentes

Qual a porcentagem da população brasileira que enfrenta a pobreza menstrual?
Cerca de 52% das pessoas que menstruam no Brasil já passaram por esse problema em algum momento da vida.

Como funciona o Programa Dignidade Menstrual?
O programa garante a distribuição gratuita de absorventes em farmácias populares para pessoas entre 10 e 49 anos inscritas no CadÚnico.

Quais são as consequências da falta de acesso a absorventes?
A falta de absorventes pode resultar em absenteísmo escolar, impactos na saúde física e mental, além de reforçar desigualdades sociais.

Como o governo está lidando com a pobreza menstrual?
Através da Lei nº 14.214/2021 e do Decreto nº 11.432/2023, o governo criou o Programa Dignidade Menstrual, que visa garantir acesso a produtos de higiene.

Onde posso encontrar informações sobre como receber absorventes gratuitamente?
Informações detalhadas podem ser encontradas no aplicativo Meu SUS Digital, que orienta sobre o processo de requerimento.

Que papel as ONGs desempenham nesse contexto?
As ONGs são fundamentais para ampliar o acesso a absorventes e promover a educação menstrual, contribuindo para a garantia de dignidade menstrual em comunidades vulneráveis.

A Conclusão da Luta pela Dignidade Menstrual

A dignidade menstrual é muito mais do que o simples fornecimento de absorventes. Trata-se de um direito humano básico que deve ser garantido a todas as pessoas que menstruam. No Brasil, com a implementação de políticas públicas como o Programa Dignidade Menstrual, já estamos dando passos significativos, mas ainda há um longo caminho pela frente.

A luta pela dignidade menstrual é, portanto, uma luta por igualdade, saúde e oportunidades. É essencial que todos nós nos engajemos nessa missão, contribuindo para que nenhum indivíduo tenha que abrir mão de sua saúde e bem-estar por falta de acesso a recursos básicos. Somente juntos, como sociedade, podemos promover mudanças reais e duradouras que assegurem um futuro onde a menstruação é vivida com dignidade e respeito.