A menstruação é uma realidade inegável vivida por milhões de pessoas em todo o mundo e, no entanto, continua a ser um tema cercado de tabus e estigmas. É nesse contexto que a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) lançou uma cartilha educativa sobre dignidade menstrual, com o objetivo de informar, combater estigmas e promover a inclusão de todas as pessoas que menstruam, seja no ambiente acadêmico ou na sociedade. Este artigo abordará a importância dessa iniciativa, suas implicações e os desafios que ainda precisam ser enfrentados.
A cartilha foi elaborada a partir de um contexto de discussões durante a Semana pela Dignidade Menstrual, realizada entre os dias 19 e 23 de maio, no câmpus Bacanga. As rodas de conversa revelaram a necessidade de um material que não apenas tratasse do tema, mas que também servisse como referência de consulta. Gisa Carvalho, chefe da Divisão de Gênero e Diversidade da UFMA, destaca que a urgência de discutir a dignidade menstrual vai além da mera abordagem biológica, envolvendo também questões sociais, culturais e de saúde pública.
A Importância da Dignidade Menstrual
A dignidade menstrual é um conceito que abrange mais do que o ato físico da menstruação; envolve a experiência emocional, cultural e social que cada pessoa que menstrua vivencia. Muitas vezes, a menstruação é vista de forma negativa, levando ao constrangimento e à exclusão. A cartilha da UFMA busca mudar essa narrativa, transformando a menstruação em um tema de diálogo e compreensão.
O impacto da pobreza menstrual é significativo, afetando a vida de muitas pessoas, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade. A falta de acesso a produtos de higiene menstrual adequados pode levar a ausências escolares e dificuldades no ambiente de trabalho. Com isso, a cartilha atua como um instrumento de conscientização e conhecimento, proporcionando informações valiosas sobre políticas públicas, como o Programa Dignidade Menstrual.
O que Faz da Cartilha um Material Único e Necessário?
Um dos aspectos mais importantes da cartilha é a sua abordagem inclusiva e abrangente. Não se limita a uma visão biológica da menstruação; ao contrário, discute o tema em várias dimensões, considerando realidades sociais e culturais distintas. A inclusão de vozes de pessoas que menstruam e a colaboração com a ONG Meninas que Brilham foram fundamentais para a construção do conteúdo.
Esse material foi pensado para que sua linguagem e formato sejam acessíveis tanto para a comunidade acadêmica quanto para o público externo. O tema da dignidade menstrual é discutido em diferentes esferas, abordando não apenas o ciclo menstrual, mas também os desafios enfrentados por pessoas transmasculinas e não-binárias. Com essas informações, a expectativa é que mais pessoas se sintam empoderadas a conhecer seus direitos e buscar ajuda quando necessário.
Impacto e Mobilização Social
Mais do que um simples documento informativo, a cartilha da UFMA se propõe a ser um convite ao diálogo e à empatia. A diretora de Atenção à Saúde do Discente da UFMA, Lissandra Bezerra, enfatiza a intenção de levar esse conhecimento às periferias e escolas, aumentando a conscientização na sociedade como um todo. “As Meninas que Brilham realizam rodas de conversa em escolas e nas periferias de São Luís. Como um material compartilhado, com certeza fará parte dos recursos didáticos utilizados por elas”, afirma Lissandra.
Esse tipo de mobilização é essencial para que o tema da dignidade menstrual não seja apenas uma conversa isolada, mas uma questão amplamente discutida em escolas, ambientes de trabalho e comunidades. A cartilha pode servir como uma ferramenta valiosa para educadores, líderes comunitários e ativistas, promovendo um ambiente mais inclusivo e compreensivo.
Desafios de Implementação e Acesso à Informação
Apesar do avanço que a cartilha representa, ainda existem desafios a serem superados. O acesso à informação sobre dignidade menstrual e produtos de higiene é desigual. Em regiões mais periféricas, muitas pessoas ainda enfrentam dificuldades financeiras para adquirir absorventes, o que agrava o problema da pobreza menstrual. A inclusão de informações sobre políticas públicas, como o acesso gratuito a absorventes através do Farmácia Popular, é um passo importante, mas o impacto depende de uma efetiva execução e divulgação dessas iniciativas.
A falta de um debate mais profundo nas escolas e universidades também é um desafio. Muitas instituições ainda tratam o tema da menstruação como um tabu, criando um ambiente que não favorece a discussão aberta. Assim, a cartilha da UFMA pode ser um turning point para que essas conversas aconteçam de maneira natural e respeitosa.
UFMA Lança Cartilha sobre Dignidade Menstrual para Combater Tabus, Informar e Promover Inclusão — Universidade Federal do Maranhão
A necessidade de tratar a menstruação como uma questão de saúde pública e direitos humanos é crucial, dado que as condições que envolvem a menstruação são frequentemente ignoradas. Ao lançar a cartilha, a UFMA não apenas reconhece a importância de um tema frequentemente silenciado, mas também observa a urgência de uma resposta coletiva. A proposta é que a universidade sirva como um modelo para outras instituições, demonstrando que é possível transformar um tabu em um tema central de discussão e aprendizado.
A diversidade de experiências e a pluralidade de vozes que a cartilha agrega são um exemplo de como a educação pode ser uma ferramenta poderosa em um contexto social. Isso se reflete também no modo como a cartilha foi construída, que leva em conta a colaboração de diversas organizações, garantindo uma representação mais ampla e enriquecedora para o debate.
Dúvidas Frequentes sobre a Cartilha da UFMA
Qual é o principal objetivo da cartilha sobre dignidade menstrual?
O principal objetivo é informar, combater estigmas e promover a inclusão de todas as pessoas que menstruam, ressaltando que o tema deve ser discutido amplamente como uma questão de saúde pública e direitos humanos.
Quem esteve envolvido na elaboração da cartilha?
A cartilha foi elaborada pela ONG Meninas que Brilham, com a colaboração da Pró-reitoria de Assistência Estudantil e da Diretoria de Diversidade, Inclusão e Ações Afirmativas da UFMA, além de contar com revisão técnica da Escola de Saúde Pública do Maranhão e da Defensoria Pública do Estado.
Como a cartilha aborda a dignidade menstrual?
Ela trata da dignidade menstrual considerando os aspectos sociais, culturais e as diversas realidades enfrentadas por pessoas que menstruam. A cartilha discute também a menstruação além da lógica biológica e binária, destacando os desafios enfrentados por pessoas trans e não-binárias.
Está disponível algum recurso prático para consulta?
Sim, a cartilha está disponível em formato digital e pode ser acessada gratuitamente no site da Diretoria de Diversidade, Inclusão e Ações Afirmativas (DIDAAF).
A cartilha é apenas para estudantes da UFMA?
Embora desenvolvida inicialmente para a comunidade acadêmica, a cartilha foi produzida com uma linguagem acessível a todos, visando incluir o público externo e promover uma discussão mais ampla na sociedade.
Como posso ajudar a promover a dignidade menstrual em minha comunidade?
Você pode começar a discutindo abertamente o tema em sua comunidade, organizando rodas de conversa ou mesmo acessando e compartilhando a cartilha. Informar-se e informar outros é um passo importante para promover a dignidade menstrual.
Conclusão
O lançamento da cartilha sobre dignidade menstrual pela UFMA é um grande passo em direção à conscientização sobre um tema que afeta milhões de pessoas. Trata-se de uma iniciativa que vai além de simples informações, propondo um diálogo aberto e transformador. É crucial que a sociedade em sua totalidade participe dessa conversa, quebrando tabus e construindo um espaço onde a dignidade menstrual seja reconhecida como um direito humano básico. Ao favorecer a inclusão e o respeito pela diversidade, a UFMA reafirma seu compromisso com uma educação que se preocupa com as realidades sociais e culturais de seus estudantes e da comunidade em geral. Com isso, esperamos um futuro onde a menstruação não seja mais um fardo, mas uma parte natural da vida dignamente vivida.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
