O acesso à saúde e a condições dignas de vida são direitos fundamentais que, infelizmente, ainda não estão garantidos para todos. A pobreza menstrual, por exemplo, é uma questão que afeta milhões de mulheres e meninas ao redor do mundo. No Brasil, iniciativas como o programa Dignidade Menstrual têm se mostrado fundamentais para mitigar essa realidade. Neste artigo, abordaremos a importância desse programa, com um enfoque especial nos depoimentos de meninas como Greice Eduarda, que disse: “Me senti acolhida pela primeira vez.”
O Dignidade Menstrual e a Inclusão Social
O Dignidade Menstrual foi criado em 2021 pelo Governo do Amazonas e visa atender meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade, que menstruam, oferecendo produtos de higiene menstrual. O programa é uma resposta direta às desigualdades que podem levar a um círculo vicioso de abandono escolar e saúde precária. Ao ser implementado em centros de convivência, escolas e restaurantes populares, como os Pratos Cheios, o programa busca alcançar as camadas mais necessitadas da população.
É alarming que a menstruação, um processo natural da vida de muitas mulheres, possa ser um motivo para isolamento e exclusão social. O programa permite que meninas possam frequentar a escola sem medo ou vergonha, combatendo, assim, a evasão escolar. Não se trata apenas de fornecer um item essencial, mas de uma iniciativa que também promove a dignidade, o autocuidado e, principalmente, a consciência sobre saúde menstrual.
O Impacto Social do Dignidade Menstrual
O impacto que o Dignidade Menstrual tem sobre a vida das beneficiárias é significativo. Ao ouvir as histórias das alunas que participaram da entrega dos kits, fica evidente que a distribuição de absorventes higiênicos é apenas uma parte da solução. O acompanhamento educativo, com palestras sobre saúde menstrual, orienta as meninas sobre o que é ser saudável e como lidar com sua menstruação de maneira digna e informada.
Para muitas, a entrega de absorventes representa também a quebra de tabus. “Muitas meninas não têm como comprar absorventes e se sentem envergonhadas durante esse período”, afirmou Greice. Essa declaração ressalta que não se trata apenas de um desafio material, mas também de um problema sociocultural que precisa ser abordado. Não são apenas “itens de higiene” que estão em jogo; é a autoestima e a capacidade de ser uma estudante ativa e engajada.
Me senti acolhida pela primeira vez, diz adolescente contemplada pelo Dignidade Menstrual. Esse sentimento de acolhimento é fundamental para a saúde emocional das meninas. Ser parte de um programa que se preocupa com suas necessidades é algo que muitas delas nunca experimentaram antes. O apoio que elas recebem pode ser o diferencial para que se sintam motivadas a permanecer na escola e, assim, construir um futuro melhor.
Os Desafios da Pobreza Menstrual
Infelizmente, a pobreza menstrual continua a ser um problema recorrente em muitas partes do Brasil. Muitas meninas enfrentam desafios diários para gerenciar suas necessidades menstruais, o que muitas vezes resulta em falta de frequência escolar durante o período menstrual. Essa situação não é apenas uma questão de saúde; é uma questão de direitos humanos. A falta de acessibilidade a produtos de higiene pode limitar as oportunidades de educação e trabalho para muitas mulheres na vida adulta.
Uma pesquisa da ONG Plan International Brasil revelou que 1 em cada 4 meninas faltou à escola devido à menstruação. Isso evidencia que a solução para a pobreza menstrual deve ir além da entrega de produtos. Precisamos de uma abordagem que trate da inclusão social, da educação e da conscientização. O Dignidade Menstrual se destaca por entender que a saúde menstrual é uma questão de saúde pública, que deve ser discutida abertamente, sem tabus.
Educando para o Futuro
As palestras oferecidas às beneficiárias do programa não só informam sobre saúde menstrual, mas também incentivam a romper com estigmas. O conhecimento é uma ferramenta poderosa, e quando as meninas têm acesso à informação sobre seu corpo e necessidades, isso contribui para sua autonomia. Isso faz parte de um movimento maior que busca reconhecer que a menstruação não deve ser um motivo de vergonha, mas sim uma parte natural da vida feminina que merece ser respeitada e compreendida.
Perguntas Frequentes
Qual é o objetivo do programa Dignidade Menstrual?
O objetivo é fornecer produtos de higiene menstrual para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade, garantindo que elas tenham acesso ao que precisam durante seu ciclo menstrual.
Como as beneficiárias são selecionadas?
As beneficiárias são escolhidas a partir do Cadastro Único (CadÚnico), garantindo que apenas as que realmente necessitam do apoio sejam atendidas.
O que está incluído no kit de absorventes?
Cada kit contém absorventes higiênicos, além de informações e materiais educativos sobre saúde menstrual.
Quais são os critérios para participar do programa?
São elegíveis meninas e mulheres de 12 a 50 anos, cadastradas no CadÚnico e que se encontram em situação de vulnerabilidade social.
Como a iniciativa impacta a evasão escolar?
Ao garantir que meninas tenham acesso a produtos de higiene, o programa ajuda a reduzir as faltas escolares relacionadas à menstruação, promovendo a continuidade da educação.
O que as palestras sobre saúde menstrual abordam?
As palestras tratam de temas como saúde íntima, autoconhecimento e a importância da menstruação na vida das meninas, visando quebrar tabus e promover o autocuidado.
A Conclusão do Diálogo sobre Pobreza Menstrual
Como vimos, a iniciativa Dignidade Menstrual se transforma não apenas em uma questão de distribuição de produtos, mas sim em um forte catalisador de mudança social. As vozes das alunas, como a de Greice Eduarda, que afirmou, “Me senti acolhida pela primeira vez,” revelam que a luta contra a pobreza menstrual vai além do físico e envolve a construção de uma cultura de acolhimento e respeito às necessidades das mulheres.
Esta é uma luta que deve ser compartilhada por todos. O combate à pobreza menstrual é um passo fundamental para garantir que todas as meninas e mulheres possam viver seus ciclos menstruais com dignidade e confiança, contribuindo assim para um futuro mais igualitário e justo.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
