Campanha contra a pobreza menstrual arrecada absorventes

A pobreza menstrual é um tema que, embora muitas vezes negligenciado, possui profundas implicações sociais, econômicas e de saúde. Essa situação afeta uma parcela significativa da população que menstrua, impossibilitando o acesso aos itens essenciais para a higiene menstrual. A Campanha Adote um Ciclo, que ocorre de 24 de março a 25 de abril de 2025, visa enfrentar esta questão, arrecadando absorventes para aquelas que mais precisam. O tema é crucial, pois a falta de acesso a esses itens não é apenas uma questão de conforto, mas de dignidade e saúde pública.

Campanha contra a pobreza menstrual arrecada absorventes • DOL

O Instituto ELA, fundado por Sandra Garcia e Sonia Colombo, lidera a Campanha Adote Um Ciclo, que já se consolidou como uma importante iniciativa de responsabilidade social. Durante o período da campanha, as instituições parceiras, como as faculdades Faci, Estácio Belém e Estácio Ananindeua, irão receber doações de absorventes. Essa ação não é apenas uma dádiva, mas uma tentativa de modificar a narrativa em torno da menstruação, promovendo a discussão sobre a dignidade menstrual e o respeito ao que tantas mulheres enfrentam diariamente.

A pobreza menstrual não se limita à falta de produtos; ela reflete um cenário de desigualdade que exclui muitas meninas e mulheres do ambiente escolar e do mercado de trabalho. Dados alarmantes da pesquisa “Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdade e Violações de Direitos”, realizada pelo UNICEF e UNFPA em 2021, mostram que cerca de 713 mil meninas brasileiras não têm acesso a um banheiro em casa, e mais de 4 milhões carecem de itens básicos de higiene menstrual nas escolas. Essa escassez não afeta apenas a saúde, mas também a autoestima e as oportunidades de futuro dessas jovens.

Uma questão de saúde pública

Conforme a socióloga Kenia Kemp destaca, a pobreza menstrual é um reflexo das graves desigualdades sociais que afetam milhões de brasileiras. A menstruação, um fenômeno natural, torna-se um obstáculo à vida cotidiana de muitas meninas, levando-as a faltarem às aulas. Essa ausência não apenas prejudica seu aprendizado, mas também perpetua um ciclo de exclusão que as distanciaria de experiências que podem mudar suas vidas.

Além disso, a carência de absorventes e produtos higiênicos pode desencadear sérios problemas de saúde. A ginecologista e obstetra Giovanna Milan enfatiza que esse tema precisa ser introduzido nas discussões acadêmicas e profissionais. Trazer essa questão à tona é fundamental para que os futuros profissionais entendam as realidades enfrentadas por suas pacientes e possam agir em prol de mudanças significativas.

A mobilização em torno da pobreza menstrual chegou até o Senado, o que demonstra que essa questão está ganhando a atenção que merece. A aprovação do projeto de lei 4968/2019, que visa criar o Programa Nacional de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, representa um avanço significativo. A promulgação da Lei 14.214/2021 reafirma o compromisso do governo em oferecer suporte a estudantes de baixa renda e mulheres em situação de vulnerabilidade. A dignidade humana deve estar no centro das políticas públicas e a proposta atende à necessidade de um acesso mais igualitário a produtos menstrual.

A importância da mobilização comunitária

As campanhas arrecadatórias, como a “Adote um Ciclo”, são cruciais para fortalecer a rede de apoio às mulheres em situação de vulnerabilidade. Em um mundo ideal, as mulheres não precisariam depender de doações para garantir sua higiene menstrual. Porém, até que essa realidade seja atingida, cada ação conta. Mobilizar a comunidade, sensibilizar colegas e incentivar a participação de instituições é essencial. A responsabilidade social deve ir além de gestos temporários; é preciso criar uma cultura de apoio mútuo e solidariedade.

As doações podem variar de produtos higiênicos a recursos financeiros, sendo que estas últimas ajudam organizações como o Instituto ELA a adquirir os itens necessários. O site Ajudei.org é uma plataforma que permite realizar doações online, facilitando a contribuição à causa. Para muitos, essa é uma oportunidade de se tornarem agentes de mudança, contribuindo para que cada mulher tenha acesso ao básico durante o ciclo menstrual.

Barreiras e desafios enfrentados

Confrontar a pobreza menstrual não é tarefa fácil; vários desafios precisam ser superados. Um dos principais obstáculos é o estigma associado à menstruação. Muitas vezes, ela é tratada como um tabu, o que impede que as mulheres e meninos conversem abertamente sobre suas necessidades e experiências. Mudanças culturais demoram tempo, mas começam com cada conversa que desmistifica a menstruação. É necessário promover campanhas educativas que mostrem que menstruação é uma parte natural da vida.

Outro desafio é a logística das doações. Garantir que os absorventes cheguem a quem realmente precisa requer um sistema eficiente de distribuição. Parcerias com escolas, organizações não governamentais e instituições de saúde podem ajudar nesse processo. As campanhas devem ser promovidas de forma contínua, e não apenas durante períodos específicos do ano, para garantir uma rede de apoio permanente.

A consciência coletiva é vital. Se as comunidades estiverem engajadas e informadas sobre a pobreza menstrual, será mais fácil criar soluções sustentáveis. Promover diálogos em escolas, universidades e espaços comunitários pode auxiliar na construção de uma base sólida para a mudança. Este é um momento de união e solidariedade que não deve ser subestimado.

Dicas para engajar-se na luta contra a pobreza menstrual

  1. Informar-se sobre o tema: Compreender a realidade da pobreza menstrual é o primeiro passo. Leia e compartilhe informações sobre o assunto para aumentar a conscientização.

  2. Participar de campanhas: Contribuir para a Campanha Adote um Ciclo ou iniciativas similares pode ser um excelente ponto de partida. Envolva amigos e familiares para criar um movimento maior.

  3. Fazer parcerias: Se você pertence a uma escola, faculdade ou entidade, proponha parcerias com instituições que trabalham com a pobreza menstrual.

  4. Promover debates: Organize eventos educacionais que discutam a menstruação e a pobreza menstrual, incentivando a participação de todos.

  5. Fazer doações: Produtos higiênicos e doações financeiras são sempre bem-vindas. Não subestime o poder de sua contribuição, não importa quão pequena você ache que seja.

  6. Usar redes sociais: Utilize plataformas digitais para amplificar a mensagem sobre pobreza menstrual e as campanhas que estão em andamento.

Perguntas frequentes

A Campanha Adote um Ciclo arrecada absorventes?

Sim, a campanha visa arrecadar absorventes para mulheres que não têm acesso a produtos higiênicos adequados.

Como posso ajudar na campanha?

Você pode fazer doações de absorventes ou contribuir financeiramente através do site Ajudei.org.

Onde posso entregar as doações?

As doações podem ser entregues nos campi das faculdades Faci, Estácio Belém e Estácio Ananindeua, de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h.

Quem se beneficia das doações?

As doações são destinadas a instituições que apoiam mulheres em situação de vulnerabilidade, garantindo acesso a produtos higiênicos.

Qual é o impacto da pobreza menstrual na educação?

A falta de acesso a produtos higiênicos faz com que muitas meninas faltem à escola, o que prejudica sua educação e oportunidades futuras.

Qual é a importância da conscientização nesse tema?

Conscientizar sobre a pobreza menstrual é fundamental para desmistificar o tabu em torno da menstruação e promover mudanças sociais duradouras.

A esperança para um futuro melhor

A luta contra a pobreza menstrual representa não apenas um esforço por dignidade, mas a busca por igualdade entre gêneros. A Campanha Adote um Ciclo é um exemplo de como iniciativas locais podem ter um enorme impacto. É através de ações coletivas e solidariedade que a sociedade pode avançar na construção de um futuro mais justo para todos.

Engajar-se na Campanha Adote um Ciclo e outras iniciativas semelhantes é um passo significativo. Expressar apoio a essas causas, por mais simples que sejam as ações, é parte essencial da transformação social. Cada absorvente doado, cada conversa promovida e cada recurso arrecadado é uma semente lançada que promete florescer em dignidade, respeito e igualdade. A pobreza menstrual deve ser combatida não apenas em campanhas, mas em nossa cultura, nossos lares e nossas instituições. Uma nova era é possível, e a mudança começa agora.