O prédio do Congresso Nacional, que se destaca na arquitetura brasileira, ganhou uma coloração vermelha em um gesto simbólico de apoio ao Dia Internacional da Dignidade Menstrual, celebrado nos dias 30 e 31 de setembro. Essa iniciativa é uma ação significativa que busca aumentar a conscientização sobre um tema muitas vezes negligenciado: a dignidade menstrual. Criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a data é um chamado à educação menstrual e à promoção de atitudes positivas em relação à menstruação, abrindo espaço para discussões necessárias sobre o tema.
A escolha de iluminar o Congresso Nacional nesta cor vibrante é mais do que uma mudança estética; é um sinal claro de que a sociedade está começando a reconhecer a importância do assunto, especialmente em um país como o Brasil, onde a pobreza menstrual ainda é uma realidade enfrentada por muitas mulheres. Este artigo irá explorar as implicações dessa ação e o contexto mais amplo que envolve a dignidade menstrual.
O que é a pobreza menstrual?
A pobreza menstrual é um fenômeno que se refere à falta de recursos e infraestrutura necessária para o cuidado higiênico relacionado à menstruação. Isso inclui, entre outras coisas, a carência de produtos menstruais, acesso a água e saneamento, e conhecimento sobre higiene menstrual. Essa questão afeta principalmente mulheres e pessoas com ciclos menstruais que se encontram em situações de vulnerabilidade social, como aquelas em situação de rua, mulheres encarceradas e aquelas que vivem em comunidades carentes.
No Brasil, dados indicam que muitas meninas não têm acesso a absorventes e cuidados apropriados durante o período menstrual. Essa falta de acesso não se limita apenas aos produtos, mas também à educação sobre o ciclo menstrual e a saúde reprodutiva em geral. Muitas jovens enfrentam a indignidade de não poder ir à escola durante o período menstrual, o que impacta diretamente sua educação e autoestima.
Congresso recebe iluminação vermelha em apoio ao Dia Internacional da Dignidade Menstrual
A decisão de iluminar o Congresso Nacional de vermelho é uma iniciativa que reflete a necessidade urgente de abordar e desestigmatizar a menstruação. O vermelho, uma cor que simboliza o ciclo menstrual, também representa a força e a resiliência das mulheres em todo o mundo. Este ato, promovido pela deputada Tabata Amaral (PSB-SP), visa fomentar o diálogo sobre a necessidade de políticas públicas que garantam a dignidade menstrual.
Além de ser um apelo visual e simbólico, essa iluminação vermelha é uma forma de engajar a sociedade em uma causa que frequentemente fica nas sombras. Mostrar que esse assunto é relevante para todos é o primeiro passo em direção à mudança. Ao colocar o foco no Congresso, os legisladores são incentivados a tomar ações mais concretas para sanar a pobreza menstrual e garantir direitos essenciais às mulheres.
A importância da educação menstrual
A educação sobre menstruação é fundamental para quebrar tabus e permitir que meninas e mulheres se sintam confortáveis com suas mudanças corporais. Muitas vezes, a falta de informações adequadas sobre saúde menstrual leva a preconceitos e desinformação. É essencial que as escolas incorporem esse tema em seu currículo, preparando os alunos para entender e respeitar o ciclo menstrual.
Através da educação, é possível não apenas fornecer informações sobre saúde, mas também promover a aceitação e o respeito. Meninas que são informadas sobre suas mudanças corporais tendem a ter mais confiança em si mesmas e são menos propensas a sentir vergonha ou medo associados à menstruação.
Desafios enfrentados no Brasil
Embora iniciativas como a iluminação do Congresso sejam passos positivos, os desafios enfrentados na batalha contra a pobreza menstrual permanecem significativos. As barreiras burocráticas impedem que a Lei 14.214/21, que garante a distribuição de absorventes gratuitos, seja plenamente implementada. Além disso, a falta de infraestrutura e recursos em muitas regiões do Brasil impede um acesso equitativo a produtos menstruais.
A escassez de informação e a presença de preconceitos em torno da menstruação geram uma onda de desinformação, perpetuando mitos que dificultam ainda mais o progresso. A luta pela dignidade menstrual não é apenas uma questão de acesso a produtos, mas de dar voz e respeito a todas as pessoas que menstruam.
Iniciativas de solidariedade e apoio
Em um contexto onde a ação do governo ainda é limitada, iniciativas de solidariedade têm se mostrado essenciais. A campanha promovida pela Câmara dos Deputados, que arrecadou absorventes para instituições que atendem mulheres em situação de vulnerabilidade, é um exemplo de como a sociedade civil pode se mobilizar para fazer a diferença.
Essas ações vão além do fornecimento de produtos; elas trazem um senso de comunidade e apoio, lembrando às mulheres que elas não estão sozinhas em suas lutas. Também estimulam a discussão sobre políticas públicas que podem ser efetivadas para garantir que todas as pessoas menstruantes tenham acesso a produtos e informações necessárias.
História do Dia Internacional da Dignidade Menstrual
O Dia Internacional da Dignidade Menstrual foi introduzido pela primeira vez em 2014, na Alemanha, inicialmente sob o nome de Dia Internacional da Higiene Menstrual, e desde então se espalhou para mais de 50 países. O objetivo principal dessa data é promover não apenas a conscientização sobre a higiene menstrual, mas também para assegurar que todas as mulheres e meninas tenham acesso a produtos de higiene e informações sobre sua saúde.
No Brasil, a inclusão da celebração desse dia nas agendas sociais e políticas é um passo crucial. À medida que mais pessoas se tornam conscientes da questão, a esperança é que isso leve a políticas mais inclusivas e sustentáveis que atendam às necessidades da população menstruante.
Respostas a perguntas frequentes
Como a pobreza menstrual afeta a educação de meninas?
A pobreza menstrual pode resultar em faltas escolares, uma vez que muitas meninas não se sentem confortáveis ou não podem arcar com a compra de absorventes. Isso impacta diretamente sua educação e futuro.
Produtos menstruais gratuitos são acessíveis a todas as mulheres no Brasil?
Embora a Lei 14.214/21 estabeleça a distribuição de absorventes gratuitos, ainda existem barreiras burocráticas que dificultam o acesso a esses produtos por mulheres de baixa renda.
O que pode ser feito para melhorar a educação menstrual nas escolas?
As escolas podem integrar a educação menstrual em seus currículos, promovendo discussões abertas sobre o tema e desmistificando a menstruação desde a infância.
Como a sociedade civil pode ajudar na luta pela dignidade menstrual?
A sociedade civil pode se mobilizar através de campanhas de arrecadação, apoio a organizações sem fins lucrativos e a promoção de debates sobre o tema em diferentes espaços.
Qual é o papel do governo na garantia da dignidade menstrual?
O governo deve implementar políticas públicas que garantam o acesso a produtos de higiene menstrual, educação sobre saúde reprodutiva e infraestrutura adequada em comunidades de vulnerabilidade.
A iluminação do Congresso Nacional é uma ação simbólica?
Sim, a iluminação do Congresso em vermelho é uma ação simbólica que visa aumentar a conscientização sobre a dignidade menstrual e encorajar a discussão em torno do tema.
Conclusão
A iluminação do Congresso Nacional de vermelho em apoio ao Dia Internacional da Dignidade Menstrual é um passo importante para conscientizar e unir a sociedade em torno de um assunto que por muito tempo foi ignorado. A pobreza menstrual deve ser enfrentada com determinação e compaixão, e todos temos um papel a desempenhar nesta luta.
É fundamental que não apenas os legisladores, mas também a sociedade em geral, se mobilize para garantir que todas as pessoas que menstruam tenham acesso à dignidade, à educação e a produtos adequados. A mudança começa com a conscientização, e ações como a do Congresso Nacional são cruciais para iluminar essa questão tão vital.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.