A menstruação é um tema que, apesar de ser um ciclo natural da vida de muitas pessoas, ainda é cercado de estigmas, mitos e desinformação. No Dia Internacional da Dignidade Menstrual, comemorado em 28 de maio, é crucial debater a pobreza menstrual, o acesso a produtos higiênicos e o conhecimento acerca do ciclo menstrual. A conversa promovida pelo Estúdio CBN, com a presença de Julia Reis, líder regional da Girl Up Brasil, destaca a necessidade urgente de discutir esses tópicos, que afetam a vida de muitas adolescentes e jovens.
É comum pessoas não saberem como funciona o ciclo menstrual ou não ter absorvente, diz líder da Girl Up Brasil | Estúdio CBN
Muitas pessoas, mesmo em contextos onde a informação é acessível, não compreendem totalmente como funciona o ciclo menstrual. Isso pode ser ainda mais acentuado em comunidades onde a educação é limitada e o acesso a produtos menstruais é escasso. Julia Reis enfatiza que esse desconhecimento pode ter sérias consequências. A falta de absorventes e instalações adequadas não apenas compromete a saúde física, mas também afeta a autoestima e o desempenho escolar das jovens.
A Relevância da Educação Menstrual
A educação menstrual é o primeiro passo para a conscientização sobre o ciclo menstrual e a própria saúde. Muitas jovens não sabem como se cuidar ou até mesmo o que seu corpo está experimentando em termos fisiológicos. Infelizmente, essa situação é comum e ocorre em diversas regiões do Brasil e do mundo. O resultado? Meninas e mulheres frequentemente enfrentam situações embaraçosas e limitações na realização de atividades cotidianas, como ir à escola ou ao trabalho.
A Pobreza Menstrual e Suas Consequências
A pobreza menstrual não é apenas uma questão de não ter acesso a absorventes; ela se estende a um conjunto mais amplo de fatores. Isso inclui a falta de infraestrutura adequada, como banheiros em condições de uso e recursos como água, sabão e papel higiênico. Julia destaca que essa situação afeta principalmente meninas em idade escolar, que muitas vezes faltam à escola devido a essas carências. A consequência mais visível é a redução da frequência escolar e, por extensão, um impacto negativo no aprendizado e na autoestima.
O Tabu da Menstruação
Ainda existe um tabu em torno da menstruação, que perpetua a desinformação e a vergonha associadas ao processo. Se pensarmos na naturalidade do ciclo menstrual, fica evidente que sua abordagem deveria ser menos estigmatizada. As narrativas em torno da menstruação muitas vezes reforçam a ideia de que é um assunto que deve ser evitado em conversas, o que pode agravar o desconhecimento sobre o tema.
Os Desdobramentos no Poder Público
A luta por dignidade menstrual não é apenas uma questão pessoal ou individual; é um tema que exige acolhimento e ação no âmbito do Poder Público. O documentário “Livre Para Menstruar”, lançado pela Girl Up Brasil em parceria com Maranha Filmes, busca destacar essa realidade. A proposta é ressaltar que a pobreza menstrual é uma questão de saúde pública e deve ser abordada de forma coletiva. Julia Reis menciona que há mais de 50 projetos de leis em andamento que visam garantir o acesso a produtos menstruais, comprovando que a mobilização das jovens pode gerar mudanças significativas.
A Inclusão de Diversos Gêneros na Discussão
Um ponto crucial que Julia Reis levanta é a inclusão de todos os indivíduos que menstruam na discussão sobre dignidade menstrual. Isso abrange não apenas mulheres cisgêneras, mas também homens trans, pessoas não-binárias e outros grupos que enfrentam os mesmos desafios. Entender que a menstruação é uma experiência vivida por um espectro diversificado de pessoas é fundamental para criar políticas públicas mais eficazes e inclusivas.
A Contribuição do Documentário
O curta documental “Livre Para Menstruar” é uma ferramenta poderosa para desmistificar a menstruação e suas implicações sociais. Ao expor a realidade de muitas pessoas que menstruam, o documentário ajuda a fomentar discussões necessárias nas escolas, comunidades e famílias. A proposta é traçar um retrato real da luta por dignidade menstrual, mostrando que a mudança é possível.
Caminhos para a Conscientização
Para promover uma mudança eficaz, é essencial que a sociedade como um todo se engaje nesse debate. Isso significa educar não apenas as estudantes, mas também os educadores, familiares e a comunidade em geral. A implementação de programas de educação menstrual nas escolas poderia ajudar a desmistificar o ciclo menstrual e fornecer informações práticas sobre cuidados e higiene.
Perguntas Frequentes
O que é pobreza menstrual?
Pobreza menstrual refere-se à falta de acesso a produtos de higiene menstrual, como absorventes, e condições adequadas para gerenciar a menstruação.
Por que a menstruação ainda é um tabu?
A menstruação é frequentemente vista como um assunto ‘vergonhoso’, levando as pessoas a evitarem discussões abertas sobre o tema.
Quem pode menstruar?
Além de mulheres cisgêneras, pessoas trans, não-binárias e outros também podem passar por essa experiência.
Quais são as consequências da pobreza menstrual?
As consequências incluem faltas escolares, problemas de saúde e impactos na autoestima e no desenvolvimento social.
Como a educação menstrual pode ajudar?
Ela fornece informações essenciais sobre o ciclo, cuidados com a saúde e promove a desmistificação do tema.
Por que é importante incluir todos os gêneros na discussão?
Isso assegura que as necessidades de todos que menstruam sejam reconhecidas e abordadas em políticas públicas e educacionais.
Conclusão
É evidente que a menstruação, longe de ser um problema individual, é uma questão de saúde pública que demanda atenção e ação. Como destacam Julia Reis e o documentário “Livre Para Menstruar”, é crucial que a sociedade como um todo se engaje nessa conversação. A desinformação sobre o funcionamento do ciclo menstrual e a pobreza menstrual são temas que necessitam ser desmistificados para que possamos garantir dignidade a todos que menstruam. A educação, a inclusão e a mobilização são os pilares para um futuro onde a menstruação seja vista de forma natural e digna, sem tabus e sem barreiras.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.