Entre acolhimento e informação: ação discute dignidade menstrual com alunas residentes


A menstruação é um tema que ainda enfrenta muitos tabus e silêncios em nossa sociedade. Muitas vezes, a falta de diálogo e informação sobre esse aspecto natural da vida afeta diretamente a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas que menstruam. Diante dessa realidade, iniciativas que promovem o acolhimento e a educação sobre a dignidade menstrual são de extrema importância. Uma dessas iniciativas foi realizada pelo Departamento de Assistência Estudantil do Campus Sertão, que promoveu uma atividade especial voltada às alunas residentes, com o objetivo de criar um espaço informativo e acolhedor.

A ação aconteceu em 16 de junho, às 17h30, no salão da residência estudantil, e contou com a participação das estudantes do primeiro ano dos cursos técnicos integrados. O evento fez parte do projeto de ensino “Eventos de Sensibilização: Diversidade e Inclusão”, coordenado pelas profissionais Vanessa Neckel e Cristina Souza França. O foco estava na educação sobre saúde menstrual e no estímulo a um diálogo aberto sobre esse tema muitas vezes negligenciado.

Cultura do Silêncio e seu Impacto

O que torna um assunto tão natural como a menstruação um tabu? A cultura do silêncio em torno da menstruação é profundamente enraizada em muitos aspectos da sociedade, em particular em escolas e ambientes acadêmicos. Muitas meninas e mulheres sentem vergonha de discutir seu ciclo menstrual, levando a um desconhecimento sobre seus próprios corpos e saúde.



A falta de informações pode resultar em consequências graves, como a chamada “pobreza menstrual”, onde pessoas que menstruam não têm acesso a itens essenciais como absorventes e coletores menstruais. Essa condição não só afeta a saúde física, como também impacta a autoestima e a permanência nos estudos. Para muitas jovens, a vergonha de discutir a menstruação pode se traduzir na desistência de atividades essenciais durante o período menstrual, prejudicando o desempenho acadêmico.

Uma Tarde de Aprendizado e Acolhimento

Durante a atividade no Campus Sertão, a proposta era muito mais do que apenas discutir absorventes. O evento foi organizado de forma a oferecer um acolhimento caloroso e uma atmosfera amigável para as alunas. Um dos momentos mais esperados foi a oficina de confecção de porta-absorventes individuais em feltro. A professora Lilian Claudia Xavier Cordeiro foi a responsável por conduzir a oficina, que permitiu que cada participante personalizasse seu porta-absorventes, unindo criatividade com cuidados de saúde.

A atividade foi pensada para criar um clima aconchegante, e isso se refletiu na escolha de servir chá e bolo, preparados pelo restaurante do campus. O objetivo era resgatar a nostalgia dos “chás das avós”, onde a troca de experiências e sentimentos é sempre bem-vinda. Vanessa, uma das organizadoras, destacou que essas ações têm um impacto positivo na construção de uma comunidade mais unida e consciente sobre os desafios enfrentados por aquelas que menstruam.

Diálogo Sobre Saúde Menstrual e Cuidado com o Corpo


Durante o evento, Cristina Souza França, técnica em enfermagem, liderou uma conversa sobre saúde menstrual. Esse diálogo abordou não só o funcionamento do ciclo menstrual, mas também os cuidados necessários com o corpo e a higiene íntima. O objetivo era criar um espaço seguro onde as estudantes pudessem expor suas dúvidas e curiosidades.

É impressionante notar que muitas jovens não têm pleno conhecimento sobre o seu próprio ciclo menstrual — o que pode impactar diretamente diversos aspectos de suas vidas, como saúde, disposição e até mesmo autoestima. Cristina reforçou a importância do autocuidado durante a menstruação. As alunas foram orientadas sobre a duração média dos ciclos menstruais, além de dicas sobre como lidar com desconfortos, como cólicas.

Uma prática que foi altamente recomendada foi a adoção de hábitos saudáveis, incluindo uma alimentação equilibrada e a mantenção de uma boa hidratação. É essencial que essas orientações sejam passadas com clareza e empatia, para que as estudantes se sintam à vontade ao procurarem ajuda no futuro.

O Papel da Assistência Estudantil

Um dos maiores desafios enfrentados por iniciativas como essa é lidar com a “pobreza menstrual”. Desde 2022, o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) tem promovido ações para distribuir gratuitamente absorventes higiênicos e coletores menstruais. Esta é uma questão de dignidade e saúde que deve ser amplamente discutida. É vital que as instituições acadêmicas levem em consideração o bem-estar de seus estudantes, garantindo que todos tenham acesso aos recursos necessários.

Por meio de um formulário online, as estudantes podem solicitar os produtos e receber acompanhamentos que empoderam a discussão sobre saúde menstrual. Essa estratégia é um passo importante para quebrar o silêncio em torno do tema, e oferece um suporte crucial para aquelas que ainda sentem vergonha de abordar o assunto.

Pautas para o Futuro: O Que Aprendemos?

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O evento no Campus Sertão mostrou não apenas a relevância da educação sobre saúde menstrual, mas também a força da comunidade acadêmica. Com um engajamento significativo por parte das alunas, o entusiasmo e a colaboração destacaram a importância do apoio mútuo entre as estudantes. Vanessa e Cristina expressaram sua satisfação com a adesão da comunidade, enfatizando que o sucesso da atividade deve ser creditado a um esforço conjunto.

Todo aprendizado extraído dessa experiência pode fundamentar novas ações futuras. Há uma necessidade premente de criar mais espaços seguros para discutir questões relacionadas à menstruação, saúde e autocuidado. As alunas que participaram poderão, de modo informal, repassar o que aprenderam, promovendo um ciclo contínuo de informação e empoderamento.

Entre acolhimento e informação: ação discute dignidade menstrual com alunas residentes

A frase “entre acolhimento e informação” se mostra um resumo perfeito da necessidade de ações educativa e sensíveis quando se trata de dignidade menstrual. É fundamental que, em vez de silenciar o assunto, as instituições promovam eventos que eduquem e promovam um diálogo aberto sobre a menstruação, desconstruindo preconceitos e tabus.

Perguntas Frequentes

Como posso lidar com cólicas menstruais?
Existem várias maneiras de aliviar as cólicas, como o uso de compressas mornas e ingestão de chás com propriedades anti-inflamatórias, como camomila e lavanda.

Qual a importância do autocuidado durante a menstruação?
O autocuidado é fundamental para garantir o bem-estar físico e emocional, prevenindo problemas como infecções e desconfortos.

O que é a “pobreza menstrual”?
Esse termo refere-se à falta de acesso a produtos menstruais e informações sobre saúde menstrual, afetando a vida de muitas pessoas.

Como posso solicitar absorventes gratuitos na instituição?
Basta preencher um formulário online disponibilizado pela instituição, que organiza a distribuição dos itens.

A menstruação deve ser um tema abordado na escola?
Sim! Abordar a menstruação nas escolas é essencial para educar e esclarecer os jovens sobre saúde e dignidade, quebrando tabus.

Como outras estudantes podem se envolver em ações semelhantes?
As estudantes podem participar de iniciativas promovidas pelas instituições e sugerir mais atividades que fomentem o diálogo sobre saúde menstrual.

Considerações Finais

A experiência vivida no Campus Sertão serve como um exemplo de que o acolhimento e a educação caminham lado a lado. A dignidade menstrual não deve ser um tabu, mas sim um tema aberto à discussão e à educação. Esperamos que eventos como este se multipliquem e inspirem outras instituições a promover a conscientização e o acolhimento. É por meio do diálogo que podemos transformar ambientes acadêmicos em espaços mais inclusivos e seguros para todos.