Nesta quinta-feira (28 de maio), celebramos o Dia Internacional da Dignidade Menstrual, uma data de grande importância para abordar um tema que, embora ainda cercado de tabus, é fundamental: a falta de acesso a produtos de higiene menstrual adequados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), muitas pessoas que menstruam enfrentam sérias dificuldades em adquirir itens básicos, trazendo consequências para a saúde física e emocional. O tema é tão relevante que conversamos com a fisioterapeuta pélvica e especialista em sexualidade humana, Berenice V.S. Meurer, que nos ajuda a entender melhor a urgência de discutir essa questão.
Falta de itens básicos para menstruação traz riscos à saúde, alerta especialista
A falta de itens básicos para menstruação traz riscos à saúde, alerta especialista. Berenice Meurer destaca que muitas mulheres enfrentam a chamada “pobreza menstrual”. Este termo se refere à dificuldade de acesso a absorventes e outros produtos de higiene, o que resulta em improvisações perigosas, como uso de panos, jornais ou até miolos de pão. Isso não apenas compromete a higiene pessoal, mas também pode levar a infecções, irritações e até à síndrome do choque tóxico, uma condição potencialmente fatal.
Estudos apontam que cerca de 70% das adolescentes já enfrentaram dificuldades em acessar produtos de higiene durante o período menstrual. Essa realidade é ainda mais crítica em comunidades de baixa renda, onde a prioridade geralmente é atender a necessidades básicas como alimentação e moradia. Infelizmente, a menstruação é um assunto cercado de vergonha e silêncio, dificultando o acesso à informação e à educação.
A saúde emocional também é afetada
Quando o ciclo menstrual é ignorado, suas demandas também são. A especialista enfatiza que a falta de acesso a itens básicos não só impacta a saúde física, mas também a saúde emocional. Muitas meninas e mulheres sentem-se envergonhadas e isoladas devido à menstruação, o que pode levar a problemas de autoestima e até preconceitos. Interferências na saúde mental, como ansiedade e depressão, são comuns entre aquelas que não conseguem lidar adequadamente com a menstruação.
Ao longo dos anos, foram realizadas inúmeras pesquisas que mostram a relação entre a pobreza menstrual e a saúde mental. Por exemplo, jovens que enfrentam dificuldades para acessar absorventes relatam maior propensão a faltarem à escola, o que afeta diretamente seu desempenho acadêmico e, por consequência, suas oportunidades futuras.
Rompendo o silêncio em torno do tema
O primeiro passo para combater a pobreza menstrual e seus efeitos nocivos é romper o silêncio. Conversar abertamente sobre menstruação é fundamental para minimizar o tabu. O que muitas pessoas não percebem é que a menstruação é uma parte natural da vida, e discutir isso não só torna a questão visível, mas também urge por políticas públicas mais eficazes.
Berenice Meurer ressalta a importância de programas que garantam a distribuição gratuita de absorventes. Esta é uma medida que já começou a ser debatida no Brasil. O Programa Dignidade Menstrual, criado em 2024, é uma iniciativa que visa fornecer produtos de higiene a cerca de 24 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade. A proposta também inclui a formação de agentes públicos e a educação da população sobre o tema.
Educação menstrual nas escolas
Integrar a educação menstrual nas escolas é outra estratégia pertinente. Muitas instituições de ensino ainda não abordam o assunto de forma adequada. Isso gera uma falta de conhecimento entre os jovens sobre a menstruação, perpetuando mitos e estigmas. Incluir o assunto no currículo escolar de forma natural e normalizada poderia ajudar não apenas a desmistificar a menstruação, mas também a preparar as novas gerações para lidar com a questão de forma saudável.
Uma abordagem educacional abrangente poderia incluir discussões sobre saúde íntima, cuidados pessoais durante o ciclo menstrual e, principalmente, a importância do autocuidado e da higiene. Isso contribuiria para que os jovens entendam melhor o processo e ajudem a combater o preconceito que envolve a menstruação.
Iniciativas e campanhas de conscientização
Campanhas de conscientização são essenciais para iluminar a realidade da pobreza menstrual e mobilizar a sociedade. Diversas organizações não governamentais e grupos de ativismo têm promovido iniciativas para coletar e distribuir produtos de higiene, além de oferecer informações sobre saúde menstrual. O objetivo é garantir que todas as pessoas que menstruam tenham acesso a itens básicos, independentemente de sua condição financeira.
Essas iniciativas são vitais, mas precisam do apoio governamental e das políticas públicas para realmente causar um impacto significativo. O investimento em infraestrutura para a distribuição de produtos de higiene, bem como a criação de pontos de entrega acessíveis, são passos fundamentais nesse sentido.
Importância do autocuidado
O autocuidado é um aspecto muitas vezes negligenciado em discussões sobre menstruação. Muitas mulheres não se sentem confortáveis para falar sobre suas necessidades e desejos durante o ciclo, o que pode levar a um descuido desnecessário com a própria saúde. Aqueles que têm acesso a produtos adequados devem ser incentivados a cuidar de sua saúde e bem-estar, usando produtos que se adequem às suas necessidades pessoais.
Por outro lado, é crucial lembrar que o autocuidado é um direito de todos, e que a falta de acesso a itens básicos é uma questão de justiça social. Proporcionar uma boa saúde menstrual não deve ser um privilégio, mas um direito garantido a todos.
Conclusão
A discussão sobre a falta de itens básicos durante a menstrução é muito mais do que um assunto de saúde; é uma questão de dignidade e respeito. Ao garantir acesso a produtos de higiene, promover a educação menstrual e romper os tabus que cercam a menstruação, estamos fazendo um esforço coletivo para melhorar a vida de milhões de pessoas. É hora de nos unirmos e fazer a diferença. Lutar pela dignidade menstrual é lutar pela dignidade humana.
Perguntas Frequentes
Por que a pobreza menstrual é um problema tão sério?
A pobreza menstrual é um problema sério porque afeta a saúde física e emocional de milhões de pessoas. Aqueles que não têm acesso a produtos de higiene adequados correm o risco de infecções e doenças, além de enfrentarem estigmas sociais e psicológicos.
Como posso ajudar a combater a pobreza menstrual?
Uma forma de ajudar é se envolver em campanhas de coleta de produtos de higiene, fazer doações, ou até mesmo promover discussões sobre o tema nas redes sociais. A conscientização é uma ferramenta poderosa.
Quais são os riscos associados ao uso de materiais improvisados durante a menstruação?
O uso de materiais improvisados pode levar a infecções, irritações e alergias. O risco de síndrome do choque tóxico também é uma preocupação significativa.
Como a educação menstrual pode impactar a vida das jovens?
A educação menstrual pode proporcionar um entendimento saudável sobre a menstruação, quebrando tabus e permitindo que as jovens se sintam mais confortáveis em lidar com suas necessidades de saúde.
Quais políticas públicas estão sendo propostas para lidar com a pobreza menstrual no Brasil?
Uma das iniciativas mais recentes é o Programa Dignidade Menstrual, que visa distribuir produtos de higiene e promover a educação sobre saúde menstrual.
Qual é a importância do autocuidado durante o ciclo menstrual?
O autocuidado é essencial para manter a saúde física e emocional durante a menstruação. Ter acesso a produtos adequados permite que as pessoas cuidem de si mesmas de maneira digna.
Neste Dia Internacional da Dignidade Menstrual, é crucial que continuemos a puxar essa discussão para a frente e buscar um mundo onde todos tenham acesso a cuidados adequados.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.