“Não se aplica a quem tem ciclo menstrual” trabalhadoras sofrem com norma de retorno ao trabalho


A discussão sobre a licença menstrual no Brasil é um tema de crescente importância e relevância social. Em um país onde a desigualdade de gênero ainda é palpável, as vivências de mulheres que enfrentam dificuldades durante o ciclo menstrual muitas vezes são negligenciadas. Com o avanço das discussões no âmbito governamental e em organizações de saúde, é essencial analisar como a falta de regulamentação federal pode impactar a vida das trabalhadoras.

É fato que a legislação atual não inclui a licença menstrual de maneira formal, aumentando os desafios para mulheres que enfrentam condições como endometriose ou cólicas intensas. Atualmente, para obter uma licença remunerada, as trabalhadoras precisam apresentar atestados médicos que justifiquem sua ausência. Essa prática, além de burocrática, também desconsidera a gravidade que algumas mulheres enfrentam durante suas menstruações, visto que nem todas podem ou conseguem ir ao médico a cada vez que se sentem incapacitadas.

Como está a legislação atual e quais são os desafios na licença menstrual?

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não reconhece oficialmente a licença menstrual. Este é um ponto crítico que reflete uma falta de sensibilidade da legislação diante de uma questão que afeta diretamente a saúde e o bem-estar de milhões de brasileiras. As mulheres, muitas vezes, se veem obrigadas a recorrer a atestados médicos que podem não refletir totalmente a realidade de suas dores ou desconfortos. Essa situação gera uma série de desvantagens no ambiente de trabalho, pois, ao não haver um reconhecimento formal, a empresa não se sente compelida a oferecer um suporte adequado.



Existem atualmente projetos de lei na Câmara dos Deputados que buscam implementar até três dias de licença menstrual remunerada por mês. No entanto, esses projetos ainda carecem de atenção e aprovação. Comparando com outros países, especialmente na Ásia e na Europa, pode-se observar que muitos já avançaram significativamente nesse tema, criando legislações que reconhecem o valor do bem-estar menstrual e promovem a dignidade das trabalhadoras. Esses exemplos internacionais incentivam debates que vão além das fronteiras brasileiras, reforçando a necessidade de igualdade no ambiente de trabalho.

Como funciona o procedimento para concessão de atestados médicos?

O procedimento para a concessão de atestados médicos está diretamente ligado às normas gerais trabalhistas. Quando os sintomas menstruais tornam-se incapacitantes, uma avaliação médica se torna necessária para justificar a ausência no trabalho. Essa avaliação médica, por sua vez, deve ser baseada na gravidade dos sintomas que a mulher está enfrentando.

No entanto, é importante ressaltar que atualmente não há uma norma específica que automatize esse processo unicamente para cólicas menstruais. Esse hiato legislativo dificulta a rotina das mulheres que enfrentam dor intensa e, muitas vezes, se veem forçadas a recorrer a procedimentos burocráticos que podem demandar tempo e energia que já estão comprometidos pela dor. As organizações de saúde, como o Conselho Nacional de Saúde, estão trabalhando em discussões que visam a modernização desses processos. A digitalização de atestados e prontuários é um passo significativo que poderá facilitar a vida das trabalhadoras.

Que iniciativas as empresas têm adotado e como é o retorno ao trabalho?


Diante da ausência de uma regulamentação clara, muitas empresas têm começado a adotar políticas internas em resposta a essa lacuna. Algumas têm implementado licenças menstruais e oferecido a possibilidade de trabalho remoto durante o período menstrual. No entanto, essas medidas ainda são majoritariamente voluntárias e não abrangem todos os setores do mercado.

Companhias como Unilever Brasil e Natura se destacam ao iniciar projetos-piloto sobre a licença menstrual, servindo como modelos a serem seguidos por outras organizações. Essas iniciativas são vitais, pois são reflexos de uma mudança na cultura corporativa que busca abordar a saúde menstrual de forma mais compreensiva. Contudo, a implementação universal dessas políticas ainda é um desafio, o que leva a um cenário desigual entre diferentes trabalhadores.

O retorno ao trabalho após a licença é uma questão que merece atenção especial. A saúde mental das trabalhadoras tem sido um tema em crescente discussão, especialmente no contexto das Normas Regulamentadoras sobre saúde ocupacional. A NR-1 inclui a avaliação de riscos psicossociais, o que é um aspecto importante, mas sua fiscalização frequentemente é adiada, levantando críticas sobre sua eficácia. O aumento das conversas acerca de ESG (Ambiental, Social e Governança) em 2025 ilustra a crescente preocupação com a criação de ambientes de trabalho saudáveis, o que reflete a importância em assegurar que as condições de trabalho estejam em sintonia com as necessidades das trabalhadoras.

Como está a perspectiva para o futuro da saúde menstrual nas empresas?

Apesar das lacunas que ainda persistem, o cenário para a saúde menstrual no Brasil está começando a mudar. O Ministério da Saúde promovendo campanhas como a “Dignidade Menstrual” é um sinal positivo de que o tema está se tornando prioridade. No entanto, vale destacar que a intervenção ainda é limitada em relação às regras trabalhistas, o que nos leva a um desafio maior: o reconhecimento oficial das necessidades menstruais em ambientes de trabalho.

Entidades como o Conselho Nacional de Saúde têm discutido a criação de um sistema de saúde ocupacional que considere o aspecto menstrual, sendo fundamental que essa debatida proposta avance. A ausência de uma legislação federal robusta em relação à licença menstrual evidencia lacunas importantes que afetam a saúde e os direitos das mulheres. A consciência de que a saúde menstrual deve ser parte integrante da pauta de trabalho é um avanço essencial, e as discussões recentes, apoiadas por dados da Organização Mundial da Saúde, revelam que tratar a menstruação de maneira mais inclusiva resulta em benefícios tanto para a produtividade quanto para o clima organizacional.

Por que a reforma na legislação menstrual é importante?

  • A reforma na legislação é crucial para estabelecer um ambiente de trabalho mais inclusivo e igualitário.
  • Propostas legislativas que estão sendo discutidas apontam para avanços futuros e maior conscientização social sobre a saúde menstrual.
  • Reconhecer oficialmente as necessidades menstruais é vital para garantir igualdade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, refletindo um passo importante em direção à dignidade e respeito.

Para um futuro mais justo em 2025, o avanço na regulamentação da licença menstrual no Brasil se mostra imprescindível. Isso não só promoverá a dignidade das trabalhadoras, mas também criará um espaço de trabalho saudável em que as mulheres sintam-se valorizadas e respeitadas em todas as fases de suas vidas.

Não se aplica a quem tem ciclo menstrual: trabalhadoras sofrem com norma de retorno ao trabalho – Estado de Minas

Essa frase reflete uma realidade que não pode mais ser ignorada. Mulheres que passam por ciclos menstruais severos enfrentam um fardo adicional que é desconsiderado por uma legislação que não contempla suas necessidades. Este fenômeno pode ser ainda mais exacerbado em estados como Minas Gerais, onde a aplicação das normas de retorno ao trabalho pode se mostrar especialmente dura para aquelas que sofrem com as consequências de suas menstruações.

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Muitas mulheres empregadas no Estado de Minas têm relatado dificuldades em lidar com a pressão para retornar ao trabalho mesmo quando sentem que suas condições não estão favoráveis. A falta de sensibilidade e compreensão sobre a importância do conforto e da saúde no ambiente de trabalho apenas acentua essa situação.

Ademais, a ausência de um suporte sólido em relação à saúde menstrual pode prejudicar a produtividade dessas trabalhadoras, criando um ciclo vicioso que pode culminar em estresse e, por fim, deixar marcas profundas na saúde mental. Este é um desafio que não pode ser tratado como um mero detalhe, mas deve sim ser abordado com a seriedade que o assunto demanda.

Perguntas frequentes

Por que a licença menstrual é importante?

A licença menstrual busca garantir que mulheres possam ter atendimento adequado durante períodos de dor ou desconforto extremo, proporcionando igualdade de condições no ambiente de trabalho.

As empresas estão fazendo algo para abordar a licença menstrual?

Sim, algumas empresas já estão implementando políticas de licença menstrual e flexibilização de horários, mas essas práticas ainda não são universais.

Como funciona o processo de obtenção de atestados médicos para cólicas menstruais?

Atestados médicos são obtidos mediante uma avaliação médica que justifique a ausência no trabalho devido à intensidade dos sintomas apresentados.

O que falta na legislação atual em relação à licença menstrual?

A legislação atual carece de um reconhecimento formal da licença menstrual, resultando em um tratamento desigual para as trabalhadoras que enfrentam dificuldades nesse período.

Qual o impacto da ausência de regulamentação sobre a saúde mental das trabalhadoras?

A ausência de regulamentação adequada sobre a licença menstrual pode levar a um aumento do estresse e da ansiedade entre as trabalhadoras, resultando em uma diminuição da produtividade.

Quais são os próximos passos esperados em relação à licença menstrual no Brasil?

Espera-se que as propostas legislativas sejam finalmente discutidas e aprovadas, refletindo a necessidade de um ambiente de trabalho que respeite e suporte as necessidades menstruais das mulheres.

A reforma na legislação para a licença menstrual é uma prioridade urgente, e a sociedade deve ser a voz que impulsiona essa mudança. O reconhecimento dessas necessidades não somente proporcionará um ambiente mais humano, mas também refletirá uma sociedade que realmente valoriza e respeita a saúde e os direitos das trabalhadoras. Em um futuro próximo, espera-se que o Brasil possa olhar para essas questões com mais compreensão e empatia, criando políticas que beneficiem todos.