A realidade da pobreza menstrual na Europa: um olhar necessário
A pobreza menstrual é um tema que, apesar de atingir milhões de pessoas, ainda é subestimado e frequentemente ignorado. Aproximadamente 500 milhões de meninas, adolescentes e mulheres em todo o mundo são afetadas por essa questão, que constitui não apenas uma limitação no acesso a produtos de higiene, mas também reflete problemas mais complexos, como a falta de informações sobre saúde e infraestrutura sanitária inadequada. Um estudo recente revelou que cerca de 42% das mulheres na União Europeia enfrentaram dificuldades para adquirir produtos de higiene menstrual nos últimos anos, considerando que as regras e regulamentos vigentes não garantem o acesso a esses itens básicos. Neste artigo, vamos explorar essa problemática, seus impactos, as iniciativas em andamento, além de proporcionar uma visão holística sobre a pobreza menstrual na Europa.
Pobreza menstrual atinge 42% das mulheres europeias, diz estudo
O estudo realizado pela associação Regras Elementares e divulgado no contexto do Dia Internacional da Dignidade Menstrual, que ocorre em 28 de maio, destaca uma realidade alarmante. Por mais que a menstruação seja uma condição natural da vida de muitas mulheres, a falta de acesso a produtos adequados de higiene menstrual tornou-se um obstáculo significativo. O levantamento aponta que 42% das mulheres com mais de 18 anos enfrentaram problemas financeiros para adquirir esses produtos nos últimos 12 meses. Essa realidade se torna ainda mais preocupante quando se considera que a menstruação é um elemento básico da saúde reprodutiva.
Nos países da União Europeia, a falta de produtos de higiene menstrual adequados reflete uma realidade muitas vezes invisível. Meninas e mulheres em situações vulneráveis, incluindo as que vivem em periferias e áreas rurais, são as mais afetadas. Além disso, mulheres com deficiência, migrantes e detentas também estão entre os grupos que vivenciam as consequências da pobreza menstrual. Essa questão evidencia uma desigualdade de gênero que ainda persiste, com a menstruação transformando-se em um fator de exclusão social.
O custo da menstruação: um peso nas finanças pessoais
Menstruar não é apenas uma experiência física, mas também financeira. A pesquisa do Parlamento Europeu revelou que o custo relacionado à higiene menstrual pode totalizar até 27 mil euros (praticamente 174 mil reais) ao longo da vida para as pessoas que menstruam. Essa quantia é alarmante e destaca a necessidade urgente de políticas públicas que considerem a economia como um fator relevante na saúde da mulher.
Embora as soluções propostas, como a redução de impostos sobre produtos de higiene menstrual, tenham um impacto positivo teórico, na prática, a inflação e o aumento dos preços têm anulado esses benefícios. Compreender essa questão em termos financeiros é fundamental, uma vez que muitas mulheres se veem obrigadas a sacrificar outras necessidades básicas, como alimentação e transporte, para adquirir produtos de higiene essenciais.
Além disso, o uso de produtos inadequados, como papel higiênico, panos ou até jornais, está se tornando uma realidade entre aquelas que não conseguem arcar com o custo de produtos apropriados. Essas práticas não apenas comprometem a saúde física, como também podem levar a infecções e outras complicações de saúde. A diretora da Regras Elementares, Maud Leblon, enfatiza que essa situação pode ter consequências graves para a vida dessas mulheres, impactando suas atividades diárias, trabalho e educação.
Os efeitos da pobreza menstrual na educação das meninas
Uma das consequências mais visíveis da pobreza menstrual é o impacto que esta questão exerce sobre a educação das meninas. Segundo o estudo da associação francesa, 53% das adolescentes acima de 15 anos na França relataram que já deixaram de ir para a escola devido à menstruação. Para 80% das meninas entrevistadas, menstruar na escola é uma fonte de estresse e ansiedade.
Essa situação é alarmante, pois a educação é um direito fundamental e essencial para o desenvolvimento social e econômico. A falta de acesso a produtos de higiene menstrual pode resultar em uma evasão escolar significativa e, consequentemente, impactar o futuro dessas jovens. Assim, o problema da pobreza menstrual não é apenas um desafio imediato, mas um fator de perpetuação da desigualdade de gênero ao longo das gerações.
Além disso, a falta de informação e a persistência de tabus em torno do tema da menstruação contribuem para que a menstruação seja vista como um fardo e não como uma parte normal da vida. O desconhecimento e o estigma que cercam o tema são evidentes, conforme revelado por estudos que mostram que 53% dos entrevistados na França, tanto homens quanto mulheres, desconhecem a pobreza menstrual.
Movimentos e iniciativas de mudança
Felizmente, as vozes que clamam por mudança são cada vez mais ouvidas. Diversas organizações e movimentos estão se mobilizando para conscientizar a população e instigar a adoção de políticas públicas mais justas. A ONG Wash United, por exemplo, foi fundamental na criação do Dia Internacional da Dignidade Menstrual em 2014, uma data que visa aumentar a consciência sobre a pobreza menstrual e promover ações efetivas.
Na França, a ministra da Igualdade entre Mulheres e Homens, Aurore Bergé, reconheceu a necessidade urgente de implementar um projeto de gratuidade para produtos de higiene menstrual. O governo francês anunciou que o sistema de saúde reembolsará gastos com coletores e calcinhas absorventes reutilizáveis para mulheres jovens em situações precárias, evidenciando um passo importante na busca pela equidade.
Apesar de haver um atraso na implementação dessas medidas, o compromisso do governo francês é um sinal de que atitudes estão mudando e que a pobreza menstrual está se tornando um tema mais central nas discussões sobre políticas de saúde pública. Essas iniciativas, em conjunto com a educação sobre o tema, são essenciais para dar visibilidade às questões que envolvem a vida das mulheres que menstruam.
Perguntas frequentes
O que é a pobreza menstrual?
A pobreza menstrual se refere à falta de acesso a produtos adequados de higiene durante o ciclo menstrual, impactando a saúde e a dignidade de meninas e mulheres.
Quem são os mais afetados pela pobreza menstrual?
Pessoas em situação de vulnerabilidade, como meninas e mulheres em áreas periféricas, migrantes e pessoas com deficiência, são as mais impactadas.
Quais são os principais efeitos da pobreza menstrual na educação?
A pobreza menstrual pode levar à evasão escolar, com muitas meninas faltando às aulas devido à falta de produtos de higiene adequados.
Quais iniciativas estão sendo tomadas para combater a pobreza menstrual?
Organizações e governos estão promovendo iniciativas como a gratuidade de produtos de higiene menstrual e campanhas de conscientização.
Como os produtos de higiene menstrual afetam a saúde?
O uso de produtos inadequados pode levar a infecções e complicações graves, afetando a saúde física e emocional.
A pobreza menstrual é um problema global?
Sim, a pobreza menstrual afeta milhões de pessoas em todo o mundo, não apenas na Europa, mas em países em desenvolvimento e desenvolvidos.
Conclusão
A pobreza menstrual é um problema real e urgente que demanda a atenção de todos. Embora haja um movimento crescente em torno deste tema, é essencial que cada um de nós faça a sua parte para reduzir o estigma e promover a conscientização sobre as necessidades das pessoas que menstruam. A luta pela dignidade menstrual deve incluir não apenas a garantia de acesso a produtos higiênicos, mas também educação, apoio e uma infraestrutura adequada. Todos trabalham juntos para criar um futuro onde a menstruação seja reconhecida como uma parte normal da vida, e onde nenhuma mulher ou menina precise sacrificar sua saúde e dignidade em função de sua menstruação.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.