A produção de absorventes higiênicos dentro dos presídios femininos é uma iniciativa inovadora que visa não apenas o combate à pobreza menstrual, mas também a valorização da mão de obra de mulheres que se encontram privadas de liberdade. Essa proposta é resultado da parceria entre a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e a SED (Secretaria de Estado de Educação), e representa um passo significativo em direção a políticas públicas inclusivas e transformadoras que podem reverter a realidade de muitas jovens em situação de vulnerabilidade social.
As questões relacionadas à pobreza menstrual são mais relevantes do que nunca no contexto atual. Em diversas comunidades, a falta de acesso a produtos higiênicos adequados compromete a dignidade das mulheres e meninas, levando a um ciclo de exclusão e dificuldades. Nessa perspectiva, a iniciativa de confeccionar absorventes dentro das unidades prisionais não apenas suprirá uma demanda básica, mas também proporcionará uma oportunidade para que essas mulheres, muitas das quais enfrentam estigmas sociais e preconceitos, possam se reintegrar à sociedade de uma maneira mais positiva.
Presídios poderão confeccionar absorventes para estudantes carentes da rede pública estadual – Geral
A implementação do Programa Dignidade Menstrual nas instituições prisionais femininas no Mato Grosso do Sul gera novas possibilidades e soluções inovadoras. A produção de absorventes higiênicos será realizada utilizando a estrutura e os equipamentos já instalados, com a colaboração de profissionais que trabalham no sistema penitenciário, garantindo que as mulheres encarceradas tenham um papel ativo e significativo na confecção dos produtos.
Desde o lançamento do programa, que ocorreu em 2023, as internas foram capacitadas a operar máquinas e ferramentas necessárias para a produção. Essa capacitação não se limita ao mero ato de produção; ela também reforça a autoestima e a dignidade da mulher, proporcionando habilidades que poderão ser úteis quando elas retornarem à sociedade. Ao longo do processo, as mulheres não apenas produzirão absorventes, mas também se envolverão em atividades que promovem o aprendizado e o desenvolvimento pessoal.
O projeto já conta com cerca de 30 internas envolvidas na produção em unidades prisionais em Campo Grande, Rio Brilhante e Corumbá, com planos de expansão para Ponta Porã. A avaliação da Agepen sobre essa iniciativa é extremamente positiva; o diretor-presidente, Rodrigo Rossi Maiorchini, destaca a importância deste avanço, afirmando que isso não só melhora a situação da higiene menstrual no estado, mas também é um passo importante para a reintegração social dessas mulheres.
O papel da parceria entre Agepen e SED
A colaboração entre a Agepen e a SED é fundamental para o sucesso do programa. Ao fornecer os insumos necessários para a fabricação dos absorventes, a Secretaria de Educação garante que os recursos cheguem efetivamente às estudantes carentes. Essa ação conjuga esforços para abordar sistematicamente a pobreza menstrual, um problema que afeta milhões de mulheres e meninas em todo o país.
As alunas carentes, especialmente aquelas de comunidades indígenas e quilombolas, são o foco principal desta iniciativa. Essas comunidades frequentemente enfrentam dificuldades maiores em relação ao acesso a produtos de higiene menstrual, e, portanto, a produção de absorventes nas prisões pode ser uma solução viável para amenizar essa questão. O compromisso em atingir essa população vulnerável é um passo importante para promover a igualdade de gênero e garantir que todas as meninas tenham acesso a produtos que respeitem a sua dignidade.
Valorização da mão de obra reclusa
Um aspecto inovador dessa proposta é a valorização da mão de obra reclusa. Ao envolver mulheres que estão no sistema penitenciário na produção de um item essencial, a iniciativa não apenas contribui para a autoestima delas, mas também oferece uma alternativa de ressignificação de suas trajetórias. A expectativa é que, além de fabricar absorventes, essa experiência contribua para a redução de estigmas relacionados ao encarceramento feminino.
As atividades desenvolvidas nas prisões podem resultar em um ambiente de aprendizado, onde as participantes adquirem habilidades práticas que podem ser utilizadas para gerar renda no futuro. O trabalho manual, quando bem orientado, pode se tornar uma forma de catálise para a reintegração social, promovendo uma transição mais suave para a vida fora das paredes prisionais.
Desenvolvimento de novas ações e impactos sociais
A parceria entre a Agepen e a SED não se limita apenas à produção de absorventes. Novas ações estão sendo estudadas para engajar a população carcerária em diversas atividades culturais e desportivas, o que pode trazer benefícios significativos, como a melhora da saúde mental das internas, o desenvolvimento de habilidades sociais e a redução da sensação de isolamento que muitas vezes acompanha o encarceramento.
A implementação de um projeto-piloto nessas áreas nas três unidades prisionais da capital é uma proposta ousada que pode servir como referência para outras localidades. Essas novas iniciativas podem ampliar o alcance do projeto de produção de absorventes e beneficiar ainda mais estudantes carentes que precisam de apoio.
O impacto na sociedade e na saúde de mulheres e meninas
A escassez de produtos de higiene menstrual é um tema que, embora muitas vezes passe despercebido, tem repercussões profundas na vida de milhões de mulheres e meninas. A ideia de que presídios poderão confeccionar absorventes para estudantes carentes da rede pública estadual vai muito além do simples fornecimento de produtos: trata-se de dignidade, saúde e empoderamento.
As meninas que não têm acesso adequado a absorventes enfrentam desafios que vão desde a falta de participação nas atividades escolares até problemas de saúde, derivados da utilização de métodos inadequados para lidar com a menstruação. A possibilidade de acessar absorventes confeccionados por mulheres que estão engajadas em um projeto de recuperação e capacitação representa uma mudança positiva nas perspectivas de saúde pública e acesso à educação.
Perguntas Frequentes
Quais são os objetivos da produção de absorventes nos presídios femininos?
Os principais objetivos incluem combater a pobreza menstrual, capacitar mulheres encarceradas, fomentar a reintegração social e garantir que estudantes carentes tenham acesso a produtos de higiene adequados.
Como as mulheres internas são capacitadas para a produção dos absorventes?
As mulheres recebem treinamento específico para operar máquinas e aprender o processo de fabricação dos produtos, desenvolvendo habilidades que podem ser valiosas após a ressocialização.
O que são produtos de higiene menstrual e por que são importantes?
Produtos de higiene menstrual, como absorventes e coletores menstruais, são essenciais para que meninas e mulheres possam gerenciar sua menstruação de maneira higiênica e digna, evitando problemas de saúde e garantindo a continuidade na educação.
A produção dos absorventes tem algum custo associado?
Os insumos e recursos necessários para a produção são fornecidos pela Secretaria de Estado de Educação, visando garantir que não haja custos adicionais para as mulheres encarceradas ou estudantes.
Quais comunidades serão beneficiadas pela produção de absorventes?
A iniciativa prioriza meninas e mulheres de comunidades carentes, especialmente indígenas e quilombolas, que enfrentam dificuldades significativas no acesso a produtos de higiene menstrual.
Como a sociedade pode se envolver nesse projeto?
As pessoas podem apoiar iniciativas semelhantes, doando produtos, se engajando em campanhas de conscientização sobre a pobreza menstrual ou promovendo diálogos sobre o tema em suas comunidades.
Considerações finais
Em resumo, a iniciativa de confeccionar absorventes dentro dos presídios femininos é uma abordagem inovadora que busca atender à necessidade de saúde menstrual enquanto oferece dignidade, capacidade e reintegração social às mulheres privadas de liberdade. Ao unir esforços de instituições públicas para enfrentar a pobreza menstrual e investir no futuro de meninas carentes, o Mato Grosso do Sul dá um exemplo positivo de como políticas públicas podem transformar vidas e promover a igualdade de oportunidades. Esta prática não apenas melhora as condições de higiene das estudantes carentes da rede pública estadual, mas também enriquece a vida das mulheres que a fabricam, criando um ciclo de empoderamento e mudança social que beneficia toda a comunidade.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.