A proposta de confeccionar absorventes higiênicos para estudantes carentes, que será realizada em presídios femininos do Mato Grosso do Sul, traz um novo olhar sobre a dignidade feminina e a inclusão social. A parceria entre a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) e a SED (Secretaria de Estado de Educação) não só visa combater a pobreza menstrual, mas também oferecer uma segunda chance para mulheres que estão cumprindo pena e que podem contribuir de forma significativa para a sociedade.
A pobreza menstrual é um desafio enfrentado por muitas jovens em situação de vulnerabilidade social, especialmente aquelas de comunidades indígenas e quilombolas. Nesta perspectiva, a produção de absorventes dentro dos presídios não só oferece um recurso valioso para essas estudantes, mas também representa uma forma de empoderamento. Além de promover a higienização e o conforto, a iniciativa gera oportunidades de capacitação profissional para as alunas que se encontram em conflito com a lei.
Presídios poderão confeccionar absorventes para estudantes carentes da rede pública estadual – AGEPEN
O projeto se inicia a partir da utilização de estruturas existentes nas unidades prisionais, onde o Programa Dignidade Menstrual já foi instalado. Com o apoio da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), a iniciativa busca habilitar cerca de 30 internas na produção dos absorventes. O que antes era simplesmente um espaço de privação de liberdade, agora assume um papel ativo na transformação social.
Os insumos necessários para a confecção dos produtos higiênicos serão fornecidos pela própria Secretaria de Educação, que se comprometeu a apoiar a logística e a implementação da ideia. A ideia é ampliar essa ação para todos os cantos do estado, garantindo que as jovens que mais precisam tenham acesso a produtos indispensáveis para a saúde menstrual. Trata-se de uma medida que vai muito além de um simples benefício; é um passo em direção a um futuro mais igualitário, que respeita e valoriza as necessidades das mães, irmãs e filhas da sociedade.
Outro aspecto fundamental é a possibilidade de remição de pena para as mulheres que participarem desse projeto. Esta proposta passar a ser um fator motivacional, já que ao contribuírem para uma causa tão significativa, elas podem ver uma perspectiva de liberdade mais próxima. Esse tipo de programa pode transformar não só as vidas das reclusas, mas também a forma como a sociedade as vê e as reintegra no seu seio. Portanto, a interação entre a Agepen e a SED representa uma grande oportunidade de mudança de paradigma.
Ao contemplar ações que englobam atividades culturais e desportivas, além da produção de absorventes, o projeto indica uma preocupação com a formação integral das envolvidas. É um movimento que reconhece a importância da educação e da capacitação não só no contexto de inclusão, mas também para a recuperação da autoestima e da cidadania.
O impacto social e comunitário
O impacto dessa iniciativa não se limita apenas ao fornecimento de absorventes para estudantes. Há uma vertente social que merece destaque. A pobreza menstrual afeta milhões de garotas no Brasil, limitando suas atividades diárias, que vão desde a frequência escolar até a participação em eventos sociais. A produção de absorventes dentro dos presídios é uma forma de restabelecer a dignidade dessas jovens, garantindo que elas possam ter acesso a um item essencial de higiene sem precisar enfrentar barreiras financeiras.
A união dos setores penitenciário e educacional é uma demonstração clara de que a sociedade pode, sim, encontrar soluções criativas para problemas complexos. Este modelo de colaboração pode servir como um exemplo para outras regiões do país, incentivando iniciativas que não apenas tratem de questões punitivas, mas que busquem efetivamente a reintegração social.
O programa já se encontra em fase de implementação em locais como Campo Grande, Rio Brilhante e Corumbá, com previsões de expansão para outras unidades. A receptividade inicial demonstra que a sociedade está colaborando e apoiando a ideia, que é promessa de um futuro mais justo.
Desafios enfrentados na execução do projeto
Apesar dos benefícios enormes que esse projeto pode proporcionar, a implementação não é isenta de desafios. Um dos obstáculos mais significativos refere-se à conscientização sobre a importância do assunto, tanto dentro quanto fora do sistema prisional. Para que o projeto funcione de maneira eficaz, é crucial que haja um entendimento coletivo sobre a relevância da educação e da capacitação na vida das internas.
Além disso, questões logísticas, como a aquisição e o transporte dos insumos necessários para a produção dos absorventes, devem ser cuidadosamente planejadas para evitar interrupções que possam prejudicar o andamento do projeto.
A formação das internas para a produção de absorventes também é um ponto crítico. A capacitação precisa ser eficaz, garantindo que elas não apenas aprendam a confecção do produto, mas também compreendam seu valor no combate à pobreza menstrual.
Outro desafio importante está na sensibilização da comunidade local. É essencial que a sociedade em geral perceba essa iniciativa como uma forma de promover a inclusão e a dignidade, e não um estigma. Para isso, campanhas educativas e de conscientização serão fundamentais.
Presídios poderão confeccionar absorventes para estudantes carentes da rede pública estadual – AGEPEN: Um modelo a ser seguido?
A iniciativa que visa confeccionar absorventes para estudantes carentes a partir do trabalho das internas é um modelo que, se bem-sucedido, poderá ser replicado em outras regiões e estados. O sucesso desse projeto certamente dependerá da colaboração contínua entre as diferentes esferas do governo, bem como do apoio da sociedade civil.
A promoção de ações como essa é um indício de que as políticas públicas podem, sim, engordar o estoque de soluções criativas e eficazes. O que se vê é uma transformação, onde, ao invés de somente punição, há uma perspectiva de educação e reintegração.
As possibilidades são vastas. Caso o projeto se prove eficaz, a Agepen e a SED podem explorar mais iniciativas voltadas para a capacitação e inclusão, que ajudem a desmistificar a ideia de que as mulheres encarceradas são apenas um problema para a sociedade. Muito pelo contrário, elas podem e devem ser parte da solução.
Perguntas frequentes
Como funciona o processo de produção dos absorventes nas prisões?
A produção ocorre em unidades prisionais femininas, onde as internas recebem capacitação para confeccionar os absorventes utilizando insumos fornecidos pela Secretaria de Educação.
Quais são os benefícios da iniciativa para as estudantes carentes?
Os absorventes confeccionados serão doados a jovens em situação de vulnerabilidade, garantindo acesso a produtos essenciais para a higiene menstrual.
Como as internas se beneficiam do projeto?
Além de adquirirem habilidades práticas e profissionais, elas têm a oportunidade de remição de pena, o que pode acelerar a reintegração social.
Quais são os locais onde o projeto está sendo implementado?
Atualmente, a ação está ocorrendo em Campo Grande, Rio Brilhante e Corumbá, com planos de expansão para outras regiões do estado.
O que motiva a criação desse programa?
A iniciativa busca combater a pobreza menstrual e valorizar as contribuições das mulheres encarceradas para a sociedade.
Quais são os próximos passos do projeto?
A continuidade do projeto envolverá não apenas a produção de absorventes, mas também atividades culturais e esportivas para a reintegração das internas.
A proposta de produzir absorventes nos presídios para atender estudantes carentes é mais do que um ato de solidariedade; é um passo significativo em direção a uma sociedade mais justa e inclusiva. Ao oferecer oportunidades de capacitação e promover a dignidade, o projeto está construindo pontes entre o sistema prisional e a comunidade, estabelecendo um caminho de esperança e transformação social.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.