Projeto MEInstruAção combate a pobreza menstrual no DF


A menstruação é um fenômeno natural da vida de muitas pessoas, mas, infelizmente, continua a ser rodeada de tabus e mitos que perpetuam a desinformação e a exclusão social. Esse cenário é particularmente preocupante no Brasil, onde a precariedade menstrual afeta milhões de pessoas, limitando seu acesso a produtos de higiene adequados e impactando sua saúde, educação e bem-estar geral. O Projeto MEInstruAção, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e sediado na Universidade de Brasília (UnB), surge como uma iniciativa inovadora para combater esses desafios e transformar a narrativa em torno da menstruação.

Projeto MEInstruAção combate a pobreza menstrual no DF

O MEInstruAção tem como objetivo desconstruir os estigmas associados à menstruação e ampliar a discussão em torno do tema, especialmente no que diz respeito à inclusão de pessoas trans e não-binárias, que também vivenciam a realidade da menstruação. Este projeto educacional não apenas fala sobre os aspectos biológicos e de saúde, mas também aborda as questões socioculturais e políticas que cercam a menstruação, com ênfase na inclusão, dignidade e sustentabilidade.

Ao compreender a menstruação como um assunto que vai além do biológico, o projeto destaca a importância de discutir a pobreza menstrual. Este termo diz respeito à falta de acesso a produtos de higiene menstrual e informação adequada, afetando a vida de milhões de mulheres e pessoas que menstruam, gerando consequências diretas sobre sua educação e sua permanência em ambientes escolares e profissionais. O tema é ainda mais crítico quando se considera que a saúde menstrual é frequentemente omitida em discussões mais amplas sobre saúde pública e igualdade de gênero.



A importância da educação menstrual

Uma das principais abordagens do MEInstruAção é ensinar os jovens sobre a menstruação de maneira acessível e livre de preconceitos. O projeto realiza oficinas e debates em escolas, promovendo um espaço de diálogo onde esses assuntos podem ser discutidos abertamente. Um ponto essencial é que a educação menstrual não deve se restringir a meninas cisgênero; homens trans e pessoas não-binárias também precisam ser incluídos nessas conversas, uma vez que eles enfrentam os mesmos desafios relacionados à menstruação.

A educadora Maria Carmen Aires Gomes, que lidera o projeto, enfatiza que a precariedade menstrual é uma questão sistêmica, onde fatores sociais e econômicos se entrelaçam. O impacto da falta de acesso a produtos menstruais não é apenas físico, mas também emocional e psicológico. Muitas pessoas se sentem envergonhadas ou constrangidas devido ao estigma social associado à menstruação, o que pode levar a problemas de autoestima e confiança.

Os três eixos do projeto

O MEInstruAção investe em três principais eixos de atuação: tabu e estigma, precariedade menstrual e sustentabilidade. Essa abordagem abrangente visa não apenas discutir a menstruação, mas também oferecer soluções práticas e viáveis que podem ser adotadas pelas comunidades.


  1. Tabu e Estigma: Uma das prioridades do projeto é desconstruir o tabu em torno da menstruação, promovendo uma narrativa mais positiva e informada. O uso de mídias sociais, palestras e atividades interativas são maneiras eficazes de criar um ambiente em que as pessoas se sintam à vontade para aprender e compartilhar suas experiências.

  2. Precariedade Menstrual: O projeto foca na pobreza menstrual, buscando identificar e abordar a falta de acesso a produtos de higiene. A pesquisa revela que muitas pessoas em situação de vulnerabilidade não conseguem adquirir absorventes e outros itens essenciais, o que compromete sua saúde e sua capacidade de estudar ou trabalhar.

  3. Sustentabilidade: O MEInstruAção educa os participantes sobre alternativas sustentáveis aos produtos menstruais convencionais, como coletores e discos menstruais, que são benéficos tanto para o meio ambiente quanto para a saúde. Essa mudança na perspectiva sobre o que significa menstruar é crucial para promover uma abordagem mais rica e consciente.

Impacto social e educacional

O projeto tem um impacto significativo não só na educação, mas também na saúde e na dignidade das pessoas que menstruam no Distrito Federal. Ao promover uma abordagem pedagógica emancipatória, o MEInstruAção estimula a troca de saberes e o empoderamento dos estudantes. As atividades são projetadas para que todos possam contribuir e aprender de maneira ativa, usando tecnologias educacionais inovadoras.

Um exemplo do uso criativo de ferramentas educacionais é a implementação de nuvens de palavras e vídeos curtos, que facilitam a assimilação do conteúdo de forma leve e envolvente. Isso não só torna a aprendizagem mais atraente, mas também estimula uma reflexão crítica sobre a própria menstruação e as questões que a cercam.

A construção de políticas públicas

Além de sua atuação direta nas escolas, o MEInstruAção também busca dialogar com políticas públicas que tenham um impacto positivo na saúde menstrual. Iniciativas como o PLC nº 12/2023, que prevê licença menstrual para os servidores do DF, e a Lei nº 7.423/2024, que garante a distribuição de absorventes para mulheres em situação de rua, são passos importantes na luta contra a pobreza menstrual.

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Essas políticas são essenciais não apenas para garantir dignidade às pessoas que menstruam, mas também para criar um novo padrão de discussão em torno das necessidades e dos direitos dessa parcela da população. O projeto segue incentivando a elaboração de novas leis e diretrizes que promovam a saúde menstrual como uma questão de saúde pública.

Futuro do projeto

O futuro do MEInstruAção escancara um potencial ilimitado, almejando expansão para outras regiões do Brasil e a implementação de um Observatório da Dignidade Menstrual. Esta ferramenta servirá para monitorar as políticas públicas relacionadas à menstruação, garantindo que as questões de saúde e educação menstrual continuem a ser debatidas na esfera pública.

Além disso, a meta do projeto é formar uma rede de educadores menstruais, que possa compartilhar conhecimentos e experiências, ampliando ainda mais a discussão e a conscientização sobre a menstruação. O projeto é um exemplo claro de como a educação não só pode transformar vidas individuais, mas também a sociedade como um todo.

Perguntas Frequentes

Por que a menstruação ainda é um tabu na sociedade brasileira? A menstruação continua cercada de estigmas por questões culturais e socioculturais, que tratam o assunto com vergonha e desinformação.

Qual o papel do projeto MEInstruAção na luta contra a pobreza menstrual? O MEInstruAção busca educar, conscientizar e promover o acesso a produtos menstruais, além de abordar questões ligadas ao tabu e à sustentabilidade.

Como a educação menstrual pode impactar a vida das pessoas? A educação menstrual empodera as pessoas, aumenta a autoestima e melhora a saúde física e mental, além de promover um ambiente escolar mais inclusivo e respeitoso.

O que é pobreza menstrual? A pobreza menstrual refere-se à falta de acesso a produtos de higiene menstrual adequados, que prejudica a saúde e a dignidade das pessoas que menstruam.

Qual a importância de incluir pessoas trans e não-binárias nas discussões sobre menstruação? É fundamental reconhecer que a menstruação não é uma experiência exclusiva de mulheres cisgêneas e que homens trans e pessoas não-binárias também enfrentam desafios e estigmas relacionados à menstruação.

Quais são os principais eixos do projeto MEInstruAção? Os três eixos principais do projeto são tabu e estigma, precariedade menstrual e sustentabilidade, todos interconectados e voltados para a promoção da dignidade menstrual.

Conclusão

A luta contra a pobreza menstrual é um desafio que exige um esforço conjunto da sociedade civil, do governo e da educação. O projeto MEInstruAção é um divisor de águas no contexto da educação menstrual no Brasil, e seu impacto é profundo e abrangente. Ao promover a conscientização, a educação e a inclusão, ele não apenas combate a pobreza menstrual no DF, mas também abre caminho para mudanças sociais duradouras que beneficiarão gerações futuras. Esse é um passo importante rumo a uma sociedade mais justa e igualitária.