Educação menstrual na zona rural de Barreirinhas: autonomia e saúde para meninas e mulheres


A educação menstrual é um tema fundamental e ainda muitas vezes negligenciado nas discussões sobre saúde e dignidade, especialmente em áreas rurais. Recentemente, o projeto da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão) na zona rural de Barreirinhas tem se destacado por sua abordagem inovadora e inclusiva. A iniciativa, denominada “A Experiência de Menstruar: recortes para falar sobre a vulnerabilidade social e a pobreza menstrual na zona rural de Barreirinhas – MA”, visa promover saúde, dignidade e práticas sustentáveis para meninas e mulheres em várias comunidades dessa região.

O projeto é uma brilhante colaboração entre alunos e professores, onde a estudante Maiara de Sousa e a Profa. Dra. Regina Célia de Castro Pereira lideram as atividades. Desde sua criação em 2024, essa iniciativa não apenas aborda a menstruação como um tema de saúde, mas também como um aspecto social crítico, oferecendo uma plataforma para que as mulheres compartilhem suas experiências e necessidades.

A importância da educação menstrual

O conceito de educação menstrual abrange muito mais do que apenas a informação sobre o ciclo menstrual. Envolve discutir tabus, mitos e realidades que cercam a menstruação, especialmente em contextos onde o acesso à informação é limitado. Na zona rural de Barreirinhas, muitas meninas e mulheres enfrentam desafios significativos relacionados à menstruação, incluindo a falta de produtos de higiene adequados, ausência de educação sobre o tema e, frequentemente, a estigmatização que ainda persiste em torno desse processo natural do corpo feminino.



Os primeiros passos do projeto foram focados na realização de oficinas e rodas de conversa, permitindo que as participantes se expressassem livremente sobre suas experiências. A ideia era criar um ambiente acolhedor e seguro para que essas mulheres pudessem discutir suas vivências sem constrangimentos. Esse aspecto do projeto é de suma importância, pois a educação menstrual precisa ser empática e sensível às particularidades de cada comunidade.

Oficinas de conscientização e distribuição de kits menstruais sustentáveis

Durante as oficinas, as participantes não apenas aprendem sobre saúde menstrual, mas também sobre a importância da sustentabilidade e do meio ambiente. Os kits menstruais sustentáveis entregues no projeto são uma alternativa às opções convencionais, frequentemente caras e prejudiciais ao meio ambiente. Esses kits incluem produtos como absorventes reutilizáveis e copos menstruais, que não são apenas mais econômicos a longo prazo, mas também oferecem maior conforto e segurança.

Maiara de Sousa, a estudante envolvida no projeto, relatou que as primeiras visitas às comunidades foram marcadas por uma recepção calorosa. As agentes de saúde locais ajudaram a romper o gelo, mostrando que a saúde menstrual pode e deve ser discutida abertamente. Essa colaboração com figuras já respeitadas na comunidade é uma estratégia que se mostrou eficaz para aumentar o engajamento e a participação das mulheres.

Desenvolvendo um olhar sensível às desigualdades sociais


A proposta educacional vai além do simples fornecimento de informações; ela busca criar uma conscientização crítica sobre as desigualdades sociais que afetam as mulheres nas zonas rurais. Através da educação, as participantes são encorajadas a se tornarem multiplicadoras de conhecimento em suas comunidades, promovendo diálogos sobre saúde menstrual e empoderamento feminino.

Entender o panorama socioeconômico em que essas mulheres estão inseridas é crucial para a eficácia do projeto. Barreirinhas é uma região rica em beleza natural, mas também enfrenta diversos desafios sociais. O foco na educação menstrual oferece uma oportunidade de abordar não apenas questões de saúde, mas também as barreiras que essas mulheres enfrentam em suas vidas cotidianas.

A troca de experiências e vivências

Um dos aspectos mais valiosos do projeto é a troca de experiências. Durante as oficinas, as participantes têm a oportunidade de compartilhar suas próprias histórias, desafios e soluções. Essa troca não apenas enriquece as ações do projeto, mas também cria uma rede de apoio entre as mulheres, que aprendem a valorizar suas experiências e se sentirem empoderadas.

A professora Regina Célia ressalta que essa partilha é fundamental para o fortalecimento da comunidade: “A participação conjunta de estudantes do Programa Ensinar e do ensino presencial da UEMA traz mais diversidade e enriquece a experiência de aprendizado”. Assim, essa interação não é apenas uma troca de saberes, mas também um exercício de empatia e solidariedade.

A sustentabilidade na educação menstrual

A inclusão de práticas sustentáveis é uma característica inovadora do projeto. As oficinas não apenas ensinam sobre os produtos menstruais, mas também sobre como a sustentabilidade se relaciona com a saúde das mulheres e do meio ambiente. As participantes aprendem sobre a importância de reduzir o descarte de produtos descartáveis, que muitas vezes acabam prejudicando o ecossistema local.

As alunas extensionistas, como Rayane Nascimento e Thayza Moreira, também desempenham um papel importante ao trazer novas ideias e abordagens para as oficinas. Elas são fundamentais na implementação de métodos que enfatizam não somente a saúde e a dignidade, mas também a consciência ambiental, aspectos cada vez mais críticos nas discussões contemporâneas.

Desafios e expectativas futuras

À medida que o projeto se desenvolve, surgem novos desafios. A crescente necessidade de abordar temas relacionados à saúde menstrual de maneira contínua e adaptativa é essencial para garantir que as participantes se sintam à vontade e motivadas a se envolver. A expectativa é que as ações planejadas não sejam apenas pontuais, mas sim parte de um esforço contínuo para transformar a cultura em torno da menstruação na vida das mulheres envolvidas.

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O futuro traz a promessa de novas oficinas e, consequentemente, a entrega de mais kits menstruais sustentáveis. A esperança é que as mulheres não só adotem esses produtos, mas também se tornem defensoras de práticas saudáveis e sustentáveis na área menstrual, promovendo mudanças significativas em suas comunidades.

Perguntas frequentes

Como a educação menstrual pode impactar a saúde das mulheres?

A educação menstrual ajuda as mulheres a entenderem melhor seus corpos, reduzindo tabus e promovendo melhores práticas de higiene, o que pode resultar em menos complicações de saúde.

Qual é a diferença entre produtos menstruais sustentáveis e convencionais?

Os produtos menstruais sustentáveis, como os copos menstruais e absorventes reutilizáveis, são mais ecológicos e podem ser usados por vários anos, enquanto os produtos convencionais geralmente são descartáveis e geram mais lixo.

Como as comunidade podem se beneficiar do projeto?

As comunidades se beneficiam ao ganhar conhecimento sobre saúde menstrual, o que pode fortalecer a saúde coletiva, empoderar mulheres e promover práticas mais sustentáveis.

O que é a pobreza menstrual e como isso afeta as mulheres nas zonas rurais?

Pobreza menstrual refere-se à dificuldade de acesso a produtos de higiene menstrual adequados e à falta de informação. Essa condição pode afetar a escolaridade e a saúde física e mental das mulheres.

Como as oficinas são organizadas?

As oficinas são organizadas em formato de rodas de conversa, onde as participantes podem compartilhar experiências e aprender sobre saúde menstrual de maneira interativa e inclusiva.

Qual é o papel das alunas extensionistas?

As alunas extensionistas atuam como facilitadoras, promovendo a troca de saberes e experiências e ajudando a conectar as práticas de saúde menstrual com as realidades locais.

Conclusão

O projeto da UEMA na zona rural de Barreirinhas é uma ação inovadora que une educação, saúde e sustentabilidade de maneira eficaz. Ao abordar a educação menstrual, as mentoras e participantes criam um espaço para a troca de experiências que não apenas educa, mas também empodera mulheres em suas comunidades. Ao promover a dignidade menstrual e a saúde, a iniciativa se destaca como um modelo de empatia e compromisso com as questões sociais, mostrando que, por meio da educação, é possível transformar vidas e realidades. Este é um exemplo inspirador de como uma abordagem centrada na comunidade pode gerar mudanças significativas e positivas, enfatizando a importância de discutir e desmistificar a menstruação em todos os níveis. A expectativa é que esse projeto continue a se expandir e a inspirar outras iniciativas semelhantes, reafirmando o poder transformador da educação.